Sou, o que se chama hoje em dia, popularmente, de pai avô, pois aos 63 anos fui presenteado, depois de ter dois filhos homens, com uma linda menina, hoje com quase cinco anos.
Esta semana, minha filha me convidou para brincar de ‘jogo das caretas’. Cada um de nós tinha que fazer uma careta enquanto o outro olhava sem poder rir e assim alternadamente. Quem ria perdia. Foi muito divertido.
Depois da nossa brincadeira, comecei a pensar sobre nossos rostos, nossas expressões e sentimentos quando olhamos para um espelho e como ele sempre reflete como estamos naquele momento, se estamos alegres ou tristes, se animados ou desanimados, se dispostos ou indispostos, etc…
O espelho também sempre nos envia o reflexo perfeito dos nossos pensamentos, das nossas emoções, das nossas palavras, dos nossos sentimentos, das nossas ações, influenciando decisivamente na nossa vida.
Se nos identificamos com o êxito, teremos êxito, se nos identificamos com o fracasso, teremos fracasso, se nos vemos alegres, seremos alegres. Os reflexos são sempre manifestações externas do que pensamos, do que fizemos, ou do que conversamos conosco mesmo.
Assim se queremos viver bem é preciso aprender a rir de nós mesmos, a encarar a nossa vida com mais leveza. Temos que aprender com as nossas próprias caretas.
E como começarmos a rir de nós mesmos?
Uma coisa fundamental é não nos darmos demasiada importância, sermos humildes, pois quando nos sentimos muito superiores e inteligentes, nos tornamos prisioneiros da nossa própria imagem e passamos a viver num mundo de ilusões, pois ninguém sabe tudo, ninguém é superior ao outro. Afinal mais sábio é aquele que sabe dizer não sei…
Outra dica, precisamos aprender a ser discretos e a preservar a nossa vida pessoal, pois assim nos libertamos da opinião alheia e passamos a ter uma vida mais tranquila. Não atraímos o sorriso do falso amigo nem a inveja dos que não nos querem bem. Acredite, na maioria das vezes, ser invisível é muito bom.
A competição com os demais, a qualquer preço, como vemos nos nossos dias, também é prejudicial. Temos que nos lembrar que Deus sempre está ao nosso lado para nos suprir, de alguma forma, com o necessário, independente das nossas dificuldades.
Refletir uma boa imagem no espelho da vida também passa pelo exercício de termos os nossos momentos de silêncio, olhando para dentro de nós mesmos, desenvolvendo a nossa autoconfiança e sabedoria.
Se existe algo que não sabemos ou para o qual ainda não temos resposta, temos que aceitá-lo. O problema é que, normalmente, isso se torna para nós, uma coisa muito difícil porque o nosso ego sempre gosta de saber tudo, sempre quer ter razão e dar a sua opinião.
Temos que aprender também a não julgar ou criticar pois, quando julgamos alguém, a única coisa que fazemos, na verdade, é expressar uma opinião pessoal, e isso é pura perda de energia, pois ao julgarmos, estamos na verdade, escondendo nossas próprias fraquezas.
Quem é sábio tolera tudo, sem dizer uma palavra, pois sabe que tudo o que o incomoda nos outros é uma projeção do que não venceu em si mesmo. Só fazemos com naturalidade, aquilo de bom, que já está lá dentro de nós, muito bem sedimentado.
As palavras que saem de nossa boca nunca voltam igual e cada vez que deixamos sair uma palavra, deixamos sair uma parte da nossa energia. Temos que desenvolver a arte de falar sem perdermos a nossa própria energia.
Não nos queixemos, nem utilizemos palavras que projetem imagens negativas, porque elas se reproduzirão ao nosso redor e na nossa imagem. Se não temos nada de bom nem útil a dizer, o melhor é não dizermos nada.
Temos que exercitar a arte de falar sem precisar dizer nada, pois é ela que deixa surgir a real luz do nosso coração e o poder da sabedoria e do silêncio da nossa alma.
Precisamos também cultivar o silêncio, o nosso próprio poder interno, para que ao olharmos no espelho possamos ver refletido o mesmo sorriso de amor que vimos ao nascer, no primeiro abraço recebido da nossa mãe.
Por último, não devemos nunca nos esquecer que, quando olhamos no espelho, estamos vendo o reflexo da nossa alma, tudo aquilo que vivemos, tudo que fizemos, todas as nossas atitudes, os nossos atos, cada sentimento, cada ação, cada omissão, mas, ao contrário do ‘jogo das caretas’, só perde quem não consegue sorrir….