COLUNA DO RICCHETTI: Mil razões para celebrar

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Minha terra natal, São Manuel, com suas ruas de pedra e o vento que sussurra histórias entre os cafezais, sempre foi o porto seguro para minha alma.

Embora não resida mais lá há muitos anos, sigo o ditado de meu bisavô que sempre dizia: “A gente mora onde habita o coração”. Assim segui pela vida sem nunca deixar de honrar minhas raízes.

É por isso que esta minha a alma inquieta, que carrego comigo, sempre me levou a navegar mares distantes, atravessar fusos horários e buscar pelo mundo, principalmente nas culturas do Oriente, o que apenas o coração sabia: a vida nos liberta do que pesa, para que possamos voar mais alto.

Lembro-me da Tailândia, quando, ao pé de uma figueira sagrada, um monge me contou que o sofrimento nada mais é do que um professor disfarçado. “O que você perdeu não é seu; é o universo abrindo espaço para o novo”, ele disse, com olhos que pareciam ver além do tempo. E eu pensei nos domingos de minha infância, no abraço de minha mãe, no sorriso de meu avô sentado no coreto da praça de São Manuel. Eles não foram perdidos, percebi. Apenas partiram antes, deixando o amor como herança em meu peito.

No Japão, um mestre zen, entre goles de chá, falou sobre o valor da simplicidade. “O essencial é invisível aos olhos, mas inunda o coração”, disse. Naquele instante, lembrei-me de minha avó, amassando o pão com mãos calejadas, mas cheias de ternura. Era sua forma de dizer que o excesso nos distrai, mas a essência nos abraça.

A Coreia me ensinou a força da resiliência. Em meio às adversidades, flores de cerejeira insistem em desabrochar, tal como a vida insiste em nos presentear com belezas inesperadas. E na China, ao cruzar pontes milenares e visitar as suas muralhas, vi que cada pedra carregava a memória de quem ali caminhou, lembrando-me que todos seguimos para o mesmo destino, onde almas grandiosas nos aguardam.

A vida, percebo agora, não nos tira nada; ela transforma. Não há perdas definitivas, apenas alívios que nos permitem encontrar a plenitude. A neve que derrete dá lugar às flores da primavera, o vinho que escorre nos aquece o espírito, e os problemas que nos atingem moldam nossas asas invisíveis.

E assim retorno sempre espiritualmente a São Manuel, com cada viagem ecoando em meu coração. Trago comigo as lições do mundo e as memórias da minha terra natal. Aprendi que o amor – seja ele encontrado em um templo budista, em um quadro de Caravaggio ou no calor de um lar simples – é a única bagagem que realmente importa.

Então, diante do que a vida nos apresenta, sorrio. Porque, em cada despedida, há um renascimento; em cada dor, uma lição; e em cada novo dia, mil razões para celebrar.

José Luiz Ricchetti – 24/11/24

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Minha terra natal, São Manuel, com suas ruas de pedra e o vento que sussurra histórias entre os cafezais, sempre foi o porto seguro para minha alma.

Embora não resida mais lá há muitos anos, sigo o ditado de meu bisavô que sempre dizia: “A gente mora onde habita o coração”. Assim segui pela vida sem nunca deixar de honrar minhas raízes.

É por isso que esta minha a alma inquieta, que carrego comigo, sempre me levou a navegar mares distantes, atravessar fusos horários e buscar pelo mundo, principalmente nas culturas do Oriente, o que apenas o coração sabia: a vida nos liberta do que pesa, para que possamos voar mais alto.

Lembro-me da Tailândia, quando, ao pé de uma figueira sagrada, um monge me contou que o sofrimento nada mais é do que um professor disfarçado. “O que você perdeu não é seu; é o universo abrindo espaço para o novo”, ele disse, com olhos que pareciam ver além do tempo. E eu pensei nos domingos de minha infância, no abraço de minha mãe, no sorriso de meu avô sentado no coreto da praça de São Manuel. Eles não foram perdidos, percebi. Apenas partiram antes, deixando o amor como herança em meu peito.

No Japão, um mestre zen, entre goles de chá, falou sobre o valor da simplicidade. “O essencial é invisível aos olhos, mas inunda o coração”, disse. Naquele instante, lembrei-me de minha avó, amassando o pão com mãos calejadas, mas cheias de ternura. Era sua forma de dizer que o excesso nos distrai, mas a essência nos abraça.

A Coreia me ensinou a força da resiliência. Em meio às adversidades, flores de cerejeira insistem em desabrochar, tal como a vida insiste em nos presentear com belezas inesperadas. E na China, ao cruzar pontes milenares e visitar as suas muralhas, vi que cada pedra carregava a memória de quem ali caminhou, lembrando-me que todos seguimos para o mesmo destino, onde almas grandiosas nos aguardam.

A vida, percebo agora, não nos tira nada; ela transforma. Não há perdas definitivas, apenas alívios que nos permitem encontrar a plenitude. A neve que derrete dá lugar às flores da primavera, o vinho que escorre nos aquece o espírito, e os problemas que nos atingem moldam nossas asas invisíveis.

E assim retorno sempre espiritualmente a São Manuel, com cada viagem ecoando em meu coração. Trago comigo as lições do mundo e as memórias da minha terra natal. Aprendi que o amor – seja ele encontrado em um templo budista, em um quadro de Caravaggio ou no calor de um lar simples – é a única bagagem que realmente importa.

Então, diante do que a vida nos apresenta, sorrio. Porque, em cada despedida, há um renascimento; em cada dor, uma lição; e em cada novo dia, mil razões para celebrar.

José Luiz Ricchetti – 24/11/24

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