COLUNA DO RICCHETTI: Casa Ricchetti nosso portal dos sonhos

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Na pequena São Manuel dos anos 60 e 70, a Rua XV de Novembro, número 245, abrigava um endereço que, para muitos, poderia ser apenas mais um entre tantos. Mas para quem viveu aqueles tempos, a memória aquece o coração e faz brilhar os olhos: era ali que o imaginário infantil ganhava vida, e a Casa Ricchetti, com sua fachada simples e vitrine mágica, guiava crianças para um mundo de sonhos.

A cidade de São Manuel era um refúgio acolhedor, com suas lojas e bancos comandados por famílias tradicionais. Os comerciantes, descendentes principalmente de imigrantes europeus, formavam a alma pulsante dessa esquina, junto ao quadrado do jardim. E, entre tantas lojas, locais e personagens inesquecíveis como a loja do Sol, do engraçado Birraque, a loja Melillo com o simpático Rafa, a loja do Demétrio, com seu sotaque inconfundível, o Ponto Chic com o sorriso enigmático do Grandini, o impagável contador de piadas Marcos da Farmácia.

No meio de todas elas, a Casa Ricchetti era a que despertava uma magia única. O alegre Hermínio Ricchetti, seu sério sócio Eduardo Alves, mais o gerente, amigo de todos, Mauro de Oliveira e os zelosos funcionários Luci, Mário e Tica entre outros, eram os magos desse universo. Eles não vendiam apenas brinquedos; ofereciam passaportes para os reinos da fantasia, onde cada criança podia encontrar seu próprio conto, ‘conversar’ com seu personagem favorito. A vitrine, estrategicamente voltada para a Rua Gomes Faria, era a porta de entrada para esse universo. Ali, bastava um olhar para que o mundo real se desmanchasse e desse lugar a aventuras encantadas.

Era fácil se imaginar no Sítio do Pica Pau Amarelo, onde Emília, Visconde de Sabugosa e D. Benta esperavam por nós. Ou talvez fosse a Alice nos transportando para seu País das Maravilhas, com sua lógica absurda e criaturas encantadoras. E, claro, havia sempre a possibilidade de seguir Dorothy e Totó pela estrada de tijolos amarelos até Oz, em busca do Mágico ou então encontrar nos brinquedos da Estrela suas sósias nos céus das noites de São Manuel.

Na Casa Ricchetti, o mundo era vasto, e a imaginação não tinha limites. Os brinquedos, cuidadosamente dispostos nas vitrines, eram mais que simples objetos. Eram convites para criar, sonhar e explorar. Entre bonecas, carrinhos, jogos de tabuleiro, sempre se encontrava em cada item uma nova possibilidade, uma nova história a ser vivida. As crianças, como pequenos artistas, moldavam seus próprios universos, cada brinquedo uma nova pincelada em suas telas de fantasia.

E assim, em uma pequena cidade do interior, entre as conversas na frente do jardim aos negócios engendrados no meio de um delicioso cafezinho do Ponto Chic, erguia-se um santuário de sonhos. A Casa Ricchetti não era apenas uma loja; era a nossa passagem para os contos de fadas. Era o lugar onde o impossível se tornava possível, e onde, por alguns momentos, podíamos ser quem quiséssemos. Ali, os limites da infância se expandiam, e os sonhos ganhavam cores vibrantes, abrindo as portas de terras distantes, e aquele mundo, mesmo para aquelas crianças que não tinham a possibilidade de adquirir o ingresso para penetrá-lo, era pura magia.

Hoje, talvez a modernidade tenha apagado muitos desses endereços e nomes e no caso da Casa Ricchetti, infelizmente, foi o próprio fogo que derreteu também os nossos sonhos. Mas, na memória de quem viveu aqueles dias, a Casa Ricchetti continua a brilhar. Não apenas como uma loja de brinquedos, mas como um símbolo de uma época em que sonhar era permitido – e a magia, ao alcance de um simples olhar na vitrine.

A Casa Ricchetti foi o nosso próprio País das Maravilhas, o nosso Sítio do Pica Pau Amarelo e nossa viagem à Terra de Oz, a viagem espacial no mundo das estrelas. Um lugar onde a realidade e o sonho se encontravam, e onde, por um instante, olhando por uma simples vitrine, acreditávamos entrar pelo portal da imaginação, onde tudo era possível…

José Luiz Ricchetti

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Na pequena São Manuel dos anos 60 e 70, a Rua XV de Novembro, número 245, abrigava um endereço que, para muitos, poderia ser apenas mais um entre tantos. Mas para quem viveu aqueles tempos, a memória aquece o coração e faz brilhar os olhos: era ali que o imaginário infantil ganhava vida, e a Casa Ricchetti, com sua fachada simples e vitrine mágica, guiava crianças para um mundo de sonhos.

A cidade de São Manuel era um refúgio acolhedor, com suas lojas e bancos comandados por famílias tradicionais. Os comerciantes, descendentes principalmente de imigrantes europeus, formavam a alma pulsante dessa esquina, junto ao quadrado do jardim. E, entre tantas lojas, locais e personagens inesquecíveis como a loja do Sol, do engraçado Birraque, a loja Melillo com o simpático Rafa, a loja do Demétrio, com seu sotaque inconfundível, o Ponto Chic com o sorriso enigmático do Grandini, o impagável contador de piadas Marcos da Farmácia.

No meio de todas elas, a Casa Ricchetti era a que despertava uma magia única. O alegre Hermínio Ricchetti, seu sério sócio Eduardo Alves, mais o gerente, amigo de todos, Mauro de Oliveira e os zelosos funcionários Luci, Mário e Tica entre outros, eram os magos desse universo. Eles não vendiam apenas brinquedos; ofereciam passaportes para os reinos da fantasia, onde cada criança podia encontrar seu próprio conto, ‘conversar’ com seu personagem favorito. A vitrine, estrategicamente voltada para a Rua Gomes Faria, era a porta de entrada para esse universo. Ali, bastava um olhar para que o mundo real se desmanchasse e desse lugar a aventuras encantadas.

Era fácil se imaginar no Sítio do Pica Pau Amarelo, onde Emília, Visconde de Sabugosa e D. Benta esperavam por nós. Ou talvez fosse a Alice nos transportando para seu País das Maravilhas, com sua lógica absurda e criaturas encantadoras. E, claro, havia sempre a possibilidade de seguir Dorothy e Totó pela estrada de tijolos amarelos até Oz, em busca do Mágico ou então encontrar nos brinquedos da Estrela suas sósias nos céus das noites de São Manuel.

Na Casa Ricchetti, o mundo era vasto, e a imaginação não tinha limites. Os brinquedos, cuidadosamente dispostos nas vitrines, eram mais que simples objetos. Eram convites para criar, sonhar e explorar. Entre bonecas, carrinhos, jogos de tabuleiro, sempre se encontrava em cada item uma nova possibilidade, uma nova história a ser vivida. As crianças, como pequenos artistas, moldavam seus próprios universos, cada brinquedo uma nova pincelada em suas telas de fantasia.

E assim, em uma pequena cidade do interior, entre as conversas na frente do jardim aos negócios engendrados no meio de um delicioso cafezinho do Ponto Chic, erguia-se um santuário de sonhos. A Casa Ricchetti não era apenas uma loja; era a nossa passagem para os contos de fadas. Era o lugar onde o impossível se tornava possível, e onde, por alguns momentos, podíamos ser quem quiséssemos. Ali, os limites da infância se expandiam, e os sonhos ganhavam cores vibrantes, abrindo as portas de terras distantes, e aquele mundo, mesmo para aquelas crianças que não tinham a possibilidade de adquirir o ingresso para penetrá-lo, era pura magia.

Hoje, talvez a modernidade tenha apagado muitos desses endereços e nomes e no caso da Casa Ricchetti, infelizmente, foi o próprio fogo que derreteu também os nossos sonhos. Mas, na memória de quem viveu aqueles dias, a Casa Ricchetti continua a brilhar. Não apenas como uma loja de brinquedos, mas como um símbolo de uma época em que sonhar era permitido – e a magia, ao alcance de um simples olhar na vitrine.

A Casa Ricchetti foi o nosso próprio País das Maravilhas, o nosso Sítio do Pica Pau Amarelo e nossa viagem à Terra de Oz, a viagem espacial no mundo das estrelas. Um lugar onde a realidade e o sonho se encontravam, e onde, por um instante, olhando por uma simples vitrine, acreditávamos entrar pelo portal da imaginação, onde tudo era possível…

José Luiz Ricchetti

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