COLUNA DO RICCHETTI: Pedaços…

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Às vezes, o que parece ser um grande ruído de coisas se quebrando ao nosso redor é, na verdade, a vida ajeitando o que precisa seguir seu caminho. Já pensei tantas vezes em juntar os cacos, com aquela ansiedade que faz as mãos tremerem, mas hoje… hoje percebo que, talvez, a beleza esteja mesmo no que se despedaça.

Desde pequenos, somos ensinados a manter tudo junto. A casa, os laços, os sonhos. E, quando algo escapa entre os dedos, corremos atrás, desesperados, tentando colar com fitas frágeis, como se fosse possível reverter o destino de tudo que se parte. Mas não é.

O mundo é esse movimento constante, que às vezes nos arrasta sem piedade. Quantas vezes me vi tentando segurar a maré? Quantas noites perdi querendo que as coisas ficassem exatamente como eu as planejei? Mas aí vem a vida e nos lembra, sutil ou violentamente, que ela não se curva aos nossos planos.

E, nessa dança caótica, as pessoas se aborrecem, lançam olhares de desaprovação, questionam nossas escolhas. Elas esquecem que o que cai, cai por si, sem pedir licença. E que nossa responsabilidade nunca foi impedir as quedas, mas aprender a caminhar entre elas, sem perder o rumo.

O que sempre me intrigou foi essa nossa urgência em agradar, em nos manter intactos diante dos outros. Mas hoje, aos poucos, aprendo a deixar que critiquem. Afinal, as palavras que vêm de fora são apenas ecos de quem as profere. Elas não definem quem somos.

Deixe cair, deixe que o mundo desmorone ao redor. O que está destinado a ir, vai embora. E, quando isso acontece, um novo espaço se abre, ainda que o chão pareça frio e desconhecido. O novo nunca chega sem antes termos perdido algo. É a ordem natural das coisas.

Já não penso que o melhor ficou no passado, mas apenas recolho suas lições e as boas lembranças e sigo, pois, talvez, o melhor esteja justamente no ato de permitir que o que não serve mais encontre seu fim. Não segure o que precisa partir, não teime em manter de pé o que já pede para descansar.

Porque, no fundo, há uma paz que só encontramos quando deixamos que a vida siga seu curso, sem interferir, sem forçar. Apenas aceitando, confiando. E assim, ao ver as coisas se despedaçarem, descobrimos que é no vazio que o novo nasce. Sem pressa, sem dor.

José Luiz Ricchetti

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Às vezes, o que parece ser um grande ruído de coisas se quebrando ao nosso redor é, na verdade, a vida ajeitando o que precisa seguir seu caminho. Já pensei tantas vezes em juntar os cacos, com aquela ansiedade que faz as mãos tremerem, mas hoje… hoje percebo que, talvez, a beleza esteja mesmo no que se despedaça.

Desde pequenos, somos ensinados a manter tudo junto. A casa, os laços, os sonhos. E, quando algo escapa entre os dedos, corremos atrás, desesperados, tentando colar com fitas frágeis, como se fosse possível reverter o destino de tudo que se parte. Mas não é.

O mundo é esse movimento constante, que às vezes nos arrasta sem piedade. Quantas vezes me vi tentando segurar a maré? Quantas noites perdi querendo que as coisas ficassem exatamente como eu as planejei? Mas aí vem a vida e nos lembra, sutil ou violentamente, que ela não se curva aos nossos planos.

E, nessa dança caótica, as pessoas se aborrecem, lançam olhares de desaprovação, questionam nossas escolhas. Elas esquecem que o que cai, cai por si, sem pedir licença. E que nossa responsabilidade nunca foi impedir as quedas, mas aprender a caminhar entre elas, sem perder o rumo.

O que sempre me intrigou foi essa nossa urgência em agradar, em nos manter intactos diante dos outros. Mas hoje, aos poucos, aprendo a deixar que critiquem. Afinal, as palavras que vêm de fora são apenas ecos de quem as profere. Elas não definem quem somos.

Deixe cair, deixe que o mundo desmorone ao redor. O que está destinado a ir, vai embora. E, quando isso acontece, um novo espaço se abre, ainda que o chão pareça frio e desconhecido. O novo nunca chega sem antes termos perdido algo. É a ordem natural das coisas.

Já não penso que o melhor ficou no passado, mas apenas recolho suas lições e as boas lembranças e sigo, pois, talvez, o melhor esteja justamente no ato de permitir que o que não serve mais encontre seu fim. Não segure o que precisa partir, não teime em manter de pé o que já pede para descansar.

Porque, no fundo, há uma paz que só encontramos quando deixamos que a vida siga seu curso, sem interferir, sem forçar. Apenas aceitando, confiando. E assim, ao ver as coisas se despedaçarem, descobrimos que é no vazio que o novo nasce. Sem pressa, sem dor.

José Luiz Ricchetti

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