Às vezes costumo sonhar com anjos ou se preferem com espíritos iluminados. Normalmente eles não me dizem quem são, mas percebo que são seres de luz, porque sinto aquela energia leve e agradável.
E sei também que todos nesses sonhos eles sempre nos trazem alguma lição ou algum fato ou relato especial cujo intuito é sempre de nos alertar e nos ajudar. Esta noite foi uma dessas vezes em que isso aconteceu…
Me lembro que estava dentro de uma floresta fechada, sentado numa pedra, à beira de um pequeno riacho de águas límpidas e transparentes, quando surgiu aquele anjinho de asas, saindo do nada…
Sua luz e seu brilho eram tão fortes, que parecia que alguém estava direcionando um enorme facho de luz para os meus olhos, a ponto de me cegar.
Aos poucos, assim que me acostumei com a luz, tomei um susto ao vê-lo pequenino e com suas asas recolhidas, sentado bem ao meu lado, já colocando os seus pezinhos mergulhados na água cristalina do riacho, como eu.
- Olá disse o anjinho, tudo bem?
- Tudo bem respondi, assustado…
- Não tenha medo, sou um anjinho e vim só ajudar… Está preocupado?
- Apenas um pouco triste com esta pandemia, respondi…
A partir daí, como se quisesse me tranquilizar ele começou a falar:
- Não se preocupe meu amigo estamos apenas atravessando uma tormenta, mas logo tudo isso irá passar. Lá no céu eu e meus amiguinhos, todos os dias nos reunimos e enviamos a vocês fortes energias para que se sintam melhores.
- A gente fez até uns pequenos versos que a gente recita todas as manhãs, enviando às suas mentes, essas mensagens de esclarecimentos, para que entendam e percebam as lições que tudo isto irá trazer.
- Quer escutar?
- Sim claro! Respondi.
“Somos todos náufragos de uma grande tormenta que, como tudo nesta vida, irá passar.
Sairemos dessa tempestade bem melhores, e perceberemos que até o velho mendigo da esquina tem algo a nos ensinar.
A pandemia irá nos ensinar, muito mais do que dantes aprendido, mesmo quando achamos que tudo está perdido.
Ver tanta gente morrendo, tanta gente desesperada, as vezes um amigo, um parente ou até alguém que nem sabemos o nome, existe em tudo isso uma lição por tudo o que têm passado e sofrido.
Além de novas esperanças, acreditem que a pandemia vai nos trazer muita coisa boa. Vai nos deixar como herança um maior valor coletivo e também o real sentido desta vida, que é amar sem nunca ser seletivo.
Vamos passar a dar valor as coisas pequenas, vamos amar mais os pais, os filhos, os maridos, as esposas há tanto tempo esquecidos. Com isso tudo, cada um de nós, estará muito mais comprometido.
Perceberemos o quanto somos frágeis, neste mundo, onde desprezamos, por muito tempo, a força e o poder dos quatro elementos divinos, a terra, o fogo, a água e o ar.
Sentiremos dores pelas partidas, mas saberemos também agradecer por poder ficar e sentir depois da tempestade essa bonança que vem do mar.
Temos que acreditar, que a partir desta tormenta, ao vermos o velho mendigo, aquele mesmo da esquina, pedindo um trocado, que nunca mais o olharemos de lado.
Fica aqui a pergunta: Será que depois de todas essas lições, não seria ali na esquina, o velho mendigo, a nos ensinar, o nosso Jesus disfarçado?
Por isso é que para os novos dias que virão, teremos que refletir e pedir perdão ao nosso Deus, tendo sempre a certeza de que seremos perdoados.
Pois apesar de termos vivido até aqui, como se tudo fosse festa, sairemos dela mais fortes e responsáveis e com certeza curados.”
Senti uma forte ventania balançar as árvores do meu entorno e quando olhei na direção das suas copas, outra vez uma forte luz cegou meus olhos.
Procurei o braço do anjinho, ao meu lado, mas senti apenas como se agarrasse uma pluma. Então vi uma pequena pena branca, talvez de uma de suas asas, flutuando no ar….
Me belisquei para saber se estava vivo e acordado… Senti a dor no meu braço. Será que sonhei com o anjo ou sonhei acordado?
José Luiz Ricchetti – 08/06/2021