O ÚLTIMO BAILE

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cabeca-ricchetti O ÚLTIMO BAILE

Prezados amigos e ouvintes da Rádio Clube, é um prazer enorme estar aqui hoje, mais uma vez com vocês, para mais um Programa dos Sociais. Programa apresentado por mim Dona Nenê, como carinhosamente vocês ouvintes, costumam me chamar.

Hoje abro o nosso programa com duas notícias, uma não muito boa e outra excelente.

88.1-O-ultimo-baile O ÚLTIMO BAILE

Começando pela não muito boa… O Clube Recreativo está colocando à venda a sua sede social, aquela mesma em frente à Igreja Matriz, de tantos bailes, festas, carnavais e tradições.

A notícia excelente é que como despedida o Clube Recreativo irá realizar, no final deste mês, o seu último baile, exatamente na sede social, que irá desaparecer no tempo.

O baile será abrilhantado pela maravilhosa orquestra de Sylvio Mazzucca e os ingressos e mesas já estão à venda na secretaria do clube.

Não percam esta oportunidade de dançar pela última vez no belíssimo salão do Clube Recreativo! ’

Acredito que seria assim o anuncio do último baile no Recreativo, anunciado pela nossa querida D. Nenê, no seu tradicional programa de rádio ‘Os Sociais’.

Ao imaginar esse improvável último baile foi inevitável me lembrar do meu primeiro baile, exatamente neste mesmo salão do Recreativo, ainda na antiga sede, com aquele estilo arquitetônico europeu e o seu maravilhoso portal de entrada.

Então reativei a memória e procurei me lembrar de fatos e emoções do meu primeiro baile.

Com os detalhes surgindo e muitas das lembranças fluindo, começo a descrevê-las aqui, até porque imagino que todos vocês também gostariam que o último baile do Recreativo fosse exatamente igual ao primeiro em que compareceram.

(……)

O meu primeiro baile foi assim…

Quando entrei naquele lindo salão, pela primeira vez e ouvi aquela fantástica orquestra ao vivo, foi uma emoção incrível.

Não tinha como não entrar em êxtase, ao ouvir o som dos vários instrumentos reunidos como violinos, violoncelos, flautas e clarinetes, acompanhados de trompetes, trombones e saxofones, mantidos no ritmo da percussão das caixas, bumbos e pratos, todos dando corpo ao lindo bolero ‘Bésame Mucho”, entoado pela voz afinada e forte do ‘crooner’ tendo ao fundo seu ‘back vocal’.

Era como se eu me sentisse mais forte e poderoso por estar, pela primeira vez, num salão de baile, ouvindo uma orquestra ao vivo, tocando aquelas maravilhosas e românticas músicas de Ray Conniff até Burt Bacharach.

O meu primeiro sentimento foi de que a orquestra estava ali, tocando só para mim, embalando sonhos, fazendo bater mais forte o coração, retirando lá de dentro o meu melhor e trazendo do interior da minha alma as mais vivas emoções.

Quem não teve uma grande ansiedade quando sonhou com este dia, este momento de poder estar ali no primeiro baile?

Lá estavam os meninos de um lado, com o seu melhor terno e as meninas do outro com seu mais lindo vestido, contrapondo com o ambiente, de meia luz, inspirador de futuros romances.

Os ternos completos eram feitos a mão por um dos talentosos alfaiates da cidade e eram acompanhados de uma camisa branca com uma estreita gravata de motivos discretos. Os tecidos e acessórios tinham sido obviamente comprados no comércio local em lojas como a Casa Ricci, Loja do Sol, Demétrio, Americana e outras.

Os vestidos das meninas, na maioria das vezes, longos, tinham o tecido e aviamentos também comprados nessas mesmas lojas, sendo que a confecção ficava sempre a cargo de uma costureira de confiança da família ou então feitos, com enorme carinho, pelas próprias mães ou avós, que tinham o talento para a costura.

O fato era que, para todos nós, entrar no salão, trajados com aquela nossa melhor roupa, ouvir o som de uma orquestra ao vivo, pela primeira vez e poder olhar para aquele ambiente novo, repleto de mesas enfeitadas, onde se sentavam as famílias, os amigos e as garotas era realmente mágico.

Meninos e meninas sabiam que a paquera do colégio iria estar lá e isso deixava, a todos ainda mais nervosos e com as mãos molhadas de suor, sem falar naquele friozinho na barriga.

Como será a primeira seleção?

Ela aceitará o meu convite para dançar ou vai me dar uma ‘tábua’?

Ele virá me tirar? E se eu pisar no seu pé? Peço desculpas? Será que vai comentar com os amigos que não sei dançar?

Ah… era preciso arrumar logo um jeito de tomar um bom gole de ‘Cuba Libre’ ou um então de ‘Hi-Fi’, para acalmar os nervos e a ansiedade…

Que música linda! Olha ela lá olhando para mim!
Vou lá agora tirar ela para dançar ou espero a próxima seleção?

Que musica linda! Olha, ele lá olhando para mim!
Será que ele vai vir me tirar agora?

Putz! Que azar, veio logo esse chato do amigo dele me tirar para dançar?
Cacete! Quem é aquele babaca que passou na minha frente?

Esses diálogos, explodindo em nossas cabeças, eram inevitáveis….

Até que finalmente chega a hora, o momento tão esperado, de poder dançar com quem estávamos flertando.

Chego então, na mesa dela e pergunto, meio que gaguejando:

  • Vamooos daaaançar?
    Ela fica toda corada e responde, também gaguejando:
  • Claaarooo vamooos simmm

Então, ambos nervosos, vamos caminhando para o centro do salão.
Eu a deixo ir na frente, apenas segurando levemente seu braço.
Minhas pernas tremem….
O que faço agora? Será que devo dançar colado? Será que dou um beijo no rosto? E se ela me der um tapa na cara e sair correndo?

Ela segue à minha frente até o meio do salão e nervosa, se vira, olhando fixamente para mim.

Nossos olhares se cruzaram, o estresse aumenta, o suor escorre pelas mãos e ambas as pernas tremem ainda mais….

Até que nos damos as mãos, eu a seguro pela cintura e ela coloca sua mão em meu ombro.

Aos poucos, timidamente, vamos dançando e se aproximando, colando rostos, apertando as mãos e lentamente roçando os joelhos.

Os corações aceleram ainda mais…

O rubor, o suor nas mãos, as pernas bambas, o calor dos nossos corpos agora bem pertos, se misturam no meio do salão, numa tempestade de sensações.

A emoção toma conta e começamos a dançar e lentamente até que sinto ela apoiar seu rosto no meu ombro, completando aquela profusão de sentimentos.

É como se o mundo tivesse parado, todo o entorno do salão sumisse de vista e nós estivéssemos a sós bem no centro, como se fossem apenas duas pessoas a dançar, em um salão vazio, tendo uma orquestra exclusiva.

Os nossos primeiros diálogos são curtos, pois no início é muito difícil e a gente mal consegue se expressar.

Mas os sentimentos são muitos e aos poucos os pensamentos começam a surgir e a fluir…

  • Ah que baile lindo! Não acha?
  • Sim, eu adoro esta música
  • Nossa! É também a minha preferida
  • Seu perfume é delicioso
  • Como é bom estar ao seu lado, segurar suas mãos…
  • Nunca pensei que estaríamos juntos, no nosso primeiro baile
  • Hoje eu posso dizer que encontrei a menina dos meus sonhos
  • Assim, você me deixa sem graça…
  • Mas é verdade! Você é a garota mais linda e mais doce que conheço
  • E você, bem…não imaginava que fosse despertar tudo isso em mim
  • Posso beijar você?

Um pequeno silêncio…. Interrompido pela voz suave e doce dela:

  • Sim, mas só se for um beijo no rosto, no escurinho, para ninguém ver
  • Não queria que o tempo passasse
  • Nossa seu coração está explodindo. Posso sentir daqui
  • Meus Deus, sinto como se estivesse voando nas estrelas
  • Olhe, já estamos no escurinho….

Então eu dou o tão esperado primeiro beijo….

  • Puxa! Seu beijo foi longo…
  • Você gostou?
  • Gostei
  • Você está lindo, seus olhos verdes brilham
  • Tudo está perfeito esta noite, parece um sonho
  • Quero que compartilhe dos meus sonhos
  • Quer ser minha namorada?
  • Simmm! É tudo que eu queria

(……)

Ao rever tudo isso brotando da minha mente eu fico com a certeza de que se cada um de vocês pudesse também recordar agora de todas essas passagens do primeiro baile e registrá-las num único filme, fariam de tudo para ter um ‘remake’, aqui agora neste nosso improvável último baile do Clube Recreativo.

Por isso é que se eu pudesse agora, me reencontrar com aquela primeira garota, aquela com quem dancei no primeiro baile, eu a convidaria mais uma vez para dançar comigo este último baile.

E ao término da última dança, tenham a certeza de que eu diria a ela o que não pude dizer naquele dia:

“Se um dia você sentir novamente uma brisa leve e suave a lhe tocar a face, não tenha medo, pois será apenas minha saudade que lhe beija mais uma vez o rosto. ”

E se pudesse dizer a cada um de vocês, que estiveram no Clube Recreativo, pelo menos uma vez, curtindo seus memoráveis bailes eu diria:

Não se preocupem porque jamais o tempo irá apagar as nossas lembranças, que transformaram cada pequeno instante, que passamos lá, em grandes momentos da nossa vida.

José Luiz Ricchetti – 14/05/2021

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Prezados amigos e ouvintes da Rádio Clube, é um prazer enorme estar aqui hoje, mais uma vez com vocês, para mais um Programa dos Sociais. Programa apresentado por mim Dona Nenê, como carinhosamente vocês ouvintes, costumam me chamar.

Hoje abro o nosso programa com duas notícias, uma não muito boa e outra excelente.

88.1-O-ultimo-baile O ÚLTIMO BAILE

Começando pela não muito boa… O Clube Recreativo está colocando à venda a sua sede social, aquela mesma em frente à Igreja Matriz, de tantos bailes, festas, carnavais e tradições.

A notícia excelente é que como despedida o Clube Recreativo irá realizar, no final deste mês, o seu último baile, exatamente na sede social, que irá desaparecer no tempo.

O baile será abrilhantado pela maravilhosa orquestra de Sylvio Mazzucca e os ingressos e mesas já estão à venda na secretaria do clube.

Não percam esta oportunidade de dançar pela última vez no belíssimo salão do Clube Recreativo! ’

Acredito que seria assim o anuncio do último baile no Recreativo, anunciado pela nossa querida D. Nenê, no seu tradicional programa de rádio ‘Os Sociais’.

Ao imaginar esse improvável último baile foi inevitável me lembrar do meu primeiro baile, exatamente neste mesmo salão do Recreativo, ainda na antiga sede, com aquele estilo arquitetônico europeu e o seu maravilhoso portal de entrada.

Então reativei a memória e procurei me lembrar de fatos e emoções do meu primeiro baile.

Com os detalhes surgindo e muitas das lembranças fluindo, começo a descrevê-las aqui, até porque imagino que todos vocês também gostariam que o último baile do Recreativo fosse exatamente igual ao primeiro em que compareceram.

(……)

O meu primeiro baile foi assim…

Quando entrei naquele lindo salão, pela primeira vez e ouvi aquela fantástica orquestra ao vivo, foi uma emoção incrível.

Não tinha como não entrar em êxtase, ao ouvir o som dos vários instrumentos reunidos como violinos, violoncelos, flautas e clarinetes, acompanhados de trompetes, trombones e saxofones, mantidos no ritmo da percussão das caixas, bumbos e pratos, todos dando corpo ao lindo bolero ‘Bésame Mucho”, entoado pela voz afinada e forte do ‘crooner’ tendo ao fundo seu ‘back vocal’.

Era como se eu me sentisse mais forte e poderoso por estar, pela primeira vez, num salão de baile, ouvindo uma orquestra ao vivo, tocando aquelas maravilhosas e românticas músicas de Ray Conniff até Burt Bacharach.

O meu primeiro sentimento foi de que a orquestra estava ali, tocando só para mim, embalando sonhos, fazendo bater mais forte o coração, retirando lá de dentro o meu melhor e trazendo do interior da minha alma as mais vivas emoções.

Quem não teve uma grande ansiedade quando sonhou com este dia, este momento de poder estar ali no primeiro baile?

Lá estavam os meninos de um lado, com o seu melhor terno e as meninas do outro com seu mais lindo vestido, contrapondo com o ambiente, de meia luz, inspirador de futuros romances.

Os ternos completos eram feitos a mão por um dos talentosos alfaiates da cidade e eram acompanhados de uma camisa branca com uma estreita gravata de motivos discretos. Os tecidos e acessórios tinham sido obviamente comprados no comércio local em lojas como a Casa Ricci, Loja do Sol, Demétrio, Americana e outras.

Os vestidos das meninas, na maioria das vezes, longos, tinham o tecido e aviamentos também comprados nessas mesmas lojas, sendo que a confecção ficava sempre a cargo de uma costureira de confiança da família ou então feitos, com enorme carinho, pelas próprias mães ou avós, que tinham o talento para a costura.

O fato era que, para todos nós, entrar no salão, trajados com aquela nossa melhor roupa, ouvir o som de uma orquestra ao vivo, pela primeira vez e poder olhar para aquele ambiente novo, repleto de mesas enfeitadas, onde se sentavam as famílias, os amigos e as garotas era realmente mágico.

Meninos e meninas sabiam que a paquera do colégio iria estar lá e isso deixava, a todos ainda mais nervosos e com as mãos molhadas de suor, sem falar naquele friozinho na barriga.

Como será a primeira seleção?

Ela aceitará o meu convite para dançar ou vai me dar uma ‘tábua’?

Ele virá me tirar? E se eu pisar no seu pé? Peço desculpas? Será que vai comentar com os amigos que não sei dançar?

Ah… era preciso arrumar logo um jeito de tomar um bom gole de ‘Cuba Libre’ ou um então de ‘Hi-Fi’, para acalmar os nervos e a ansiedade…

Que música linda! Olha ela lá olhando para mim!
Vou lá agora tirar ela para dançar ou espero a próxima seleção?

Que musica linda! Olha, ele lá olhando para mim!
Será que ele vai vir me tirar agora?

Putz! Que azar, veio logo esse chato do amigo dele me tirar para dançar?
Cacete! Quem é aquele babaca que passou na minha frente?

Esses diálogos, explodindo em nossas cabeças, eram inevitáveis….

Até que finalmente chega a hora, o momento tão esperado, de poder dançar com quem estávamos flertando.

Chego então, na mesa dela e pergunto, meio que gaguejando:

  • Vamooos daaaançar?
    Ela fica toda corada e responde, também gaguejando:
  • Claaarooo vamooos simmm

Então, ambos nervosos, vamos caminhando para o centro do salão.
Eu a deixo ir na frente, apenas segurando levemente seu braço.
Minhas pernas tremem….
O que faço agora? Será que devo dançar colado? Será que dou um beijo no rosto? E se ela me der um tapa na cara e sair correndo?

Ela segue à minha frente até o meio do salão e nervosa, se vira, olhando fixamente para mim.

Nossos olhares se cruzaram, o estresse aumenta, o suor escorre pelas mãos e ambas as pernas tremem ainda mais….

Até que nos damos as mãos, eu a seguro pela cintura e ela coloca sua mão em meu ombro.

Aos poucos, timidamente, vamos dançando e se aproximando, colando rostos, apertando as mãos e lentamente roçando os joelhos.

Os corações aceleram ainda mais…

O rubor, o suor nas mãos, as pernas bambas, o calor dos nossos corpos agora bem pertos, se misturam no meio do salão, numa tempestade de sensações.

A emoção toma conta e começamos a dançar e lentamente até que sinto ela apoiar seu rosto no meu ombro, completando aquela profusão de sentimentos.

É como se o mundo tivesse parado, todo o entorno do salão sumisse de vista e nós estivéssemos a sós bem no centro, como se fossem apenas duas pessoas a dançar, em um salão vazio, tendo uma orquestra exclusiva.

Os nossos primeiros diálogos são curtos, pois no início é muito difícil e a gente mal consegue se expressar.

Mas os sentimentos são muitos e aos poucos os pensamentos começam a surgir e a fluir…

  • Ah que baile lindo! Não acha?
  • Sim, eu adoro esta música
  • Nossa! É também a minha preferida
  • Seu perfume é delicioso
  • Como é bom estar ao seu lado, segurar suas mãos…
  • Nunca pensei que estaríamos juntos, no nosso primeiro baile
  • Hoje eu posso dizer que encontrei a menina dos meus sonhos
  • Assim, você me deixa sem graça…
  • Mas é verdade! Você é a garota mais linda e mais doce que conheço
  • E você, bem…não imaginava que fosse despertar tudo isso em mim
  • Posso beijar você?

Um pequeno silêncio…. Interrompido pela voz suave e doce dela:

  • Sim, mas só se for um beijo no rosto, no escurinho, para ninguém ver
  • Não queria que o tempo passasse
  • Nossa seu coração está explodindo. Posso sentir daqui
  • Meus Deus, sinto como se estivesse voando nas estrelas
  • Olhe, já estamos no escurinho….

Então eu dou o tão esperado primeiro beijo….

  • Puxa! Seu beijo foi longo…
  • Você gostou?
  • Gostei
  • Você está lindo, seus olhos verdes brilham
  • Tudo está perfeito esta noite, parece um sonho
  • Quero que compartilhe dos meus sonhos
  • Quer ser minha namorada?
  • Simmm! É tudo que eu queria

(……)

Ao rever tudo isso brotando da minha mente eu fico com a certeza de que se cada um de vocês pudesse também recordar agora de todas essas passagens do primeiro baile e registrá-las num único filme, fariam de tudo para ter um ‘remake’, aqui agora neste nosso improvável último baile do Clube Recreativo.

Por isso é que se eu pudesse agora, me reencontrar com aquela primeira garota, aquela com quem dancei no primeiro baile, eu a convidaria mais uma vez para dançar comigo este último baile.

E ao término da última dança, tenham a certeza de que eu diria a ela o que não pude dizer naquele dia:

“Se um dia você sentir novamente uma brisa leve e suave a lhe tocar a face, não tenha medo, pois será apenas minha saudade que lhe beija mais uma vez o rosto. ”

E se pudesse dizer a cada um de vocês, que estiveram no Clube Recreativo, pelo menos uma vez, curtindo seus memoráveis bailes eu diria:

Não se preocupem porque jamais o tempo irá apagar as nossas lembranças, que transformaram cada pequeno instante, que passamos lá, em grandes momentos da nossa vida.

José Luiz Ricchetti – 14/05/2021

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