
Há dias em que o mundo pesa mais do que deveria. Acordamos e já sentimos, no primeiro sopro da manhã, que o ar carrega tristezas que nem sabemos de onde vêm. São notícias, são ausências, são palavras duras jogadas ao vento como quem atira pedras ao lago.
Olho para o lado e vejo – talvez vocês também estejam assim, com o olhar perdido e a alma apertada, tentando encontrar um lugar seguro dentro de si mesmo. É, se pudesse, eu lhes diria baixinho, quase num sussurro de amigo antigo: não se preocupem tanto.
A vida tem seus modos estranhos, suas curvas inesperadas, seus temporais inevitáveis. Mas depois da chuva, sempre vem o cheiro de terra molhada. Depois da dor, por incrível que pareça, há sempre uma fresta, uma risada tímida que escapa, um abraço que renasce.
As pessoas, eu sei, às vezes machucam. Às vezes são más, outras vezes apenas perdidas em seus próprios labirintos. Mas vocês… vocês não precisam carregar tudo isso sozinhos. Deixe que eu enxugue essas lágrimas invisíveis que seus olhos insistem em segurar. Deixe que eu segure suas mãos e lhes lembre do que vocês, no fundo, sempre souberam: O céu azul ainda está aí, só escondido atrás de algumas nuvens teimosas.
Sempre foi assim. O riso vem depois da dor. O sol vence a chuva. O amor, esse velho teimoso, insiste em florescer nos cantos mais improváveis.
Então, hoje, sem grandes promessas, sem mapas nem receitas, eu apenas lhes proponho um pacto silencioso: vamos nos preocupar menos.
Porque, no fim das contas, meus caros leitores, essas coisas sempre foram assim. E, se me permite a ousadia: por que se preocupar agora?