A vida nunca avisa. Ela não manda recado nem deixa bilhete na porta avisando que uma tempestade vem vindo. Ela simplesmente acontece. Num dia, o céu está azul, as ruas seguem seus caminhos previsíveis e o café da manhã tem o mesmo gosto de sempre. No outro, uma ventania inesperada bagunça tudo, e o que parecia certo vira dúvida.
As adversidades surgem como se tivessem horário marcado, mas sem convite. Elas chegam sem pedir licença, algumas sorrateiras, outras avassaladoras, e cabe a nós recebê-las, assimilá-las, entender o que querem nos dizer. Porque, no fundo, sempre há um recado oculto em cada dificuldade. Nem sempre conseguimos lê-lo no instante em que a vida o entrega, mas ele está lá, esperando o momento certo para fazer sentido.
A grande questão é que temos pressa. Queremos respostas rápidas, soluções imediatas, saídas fáceis. Mas a vida não funciona assim. Ela tem o seu próprio compasso, uma música que só o tempo rege. Ele, sim, é o senhor de todas as razões, o maestro invisível que conduz os desencontros até que eles virem reencontros, as dores até que elas se transformem em aprendizado, os desenlaces até que se tornem recomeços.
Esperar não é apenas cruzar os braços, mas confiar que cada peça que se solta do quebra-cabeça da vida encontrará seu lugar no tempo certo. É aceitar que algumas respostas vêm no silêncio, outras no barulho das experiências, e muitas só se revelam quando já não estamos mais ansiosos por elas.
No fim, a vida é o que é. E talvez, se soubermos ouvi-la, entenderemos que tudo sempre chega quando deve chegar. Nem antes, nem depois. Apenas no momento exato em que estamos prontos para compreender.
José Luiz Ricchetti