COLUNA DO RICCHETTI – Sob a luz da prece

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Na quietude de uma tarde que se deita lentamente, os sons da vida vão se apagando, dando lugar a um murmúrio interno. É nesse instante que a alma, cansada das urgências do mundo, ergue os olhos para o alto, buscando o silêncio que conforta. Ali, entre o pulsar do coração e o ressoar de um pensamento, nasce uma prece – não como um sussurro de palavras, mas como um grito mudo, que rasga as fibras da alma em direção ao infinito.

“Obrigado Pai por mais este dia…” O eco dessas palavras não precisa de templos nem de altares; ele se espalha pelo vasto templo do mundo. Está nos campos onde o orvalho insiste em acariciar as folhas, nas cidades onde o concreto tenta sufocar o céu, e nos corações que, mesmo na escuridão, anseiam pela luz.

Imagino um viajante, solitário em sua jornada, guiado por uma estrela invisível. Seus pés marcados pela poeira do caminho carregam mais do que cansaço – eles trazem histórias, dores e esperanças. A estrela, cintilando em sua eternidade, não é apenas uma guia; é um lembrete de que, por mais longa que seja a estrada, o céu nunca nos abandona.

E há o aflito, dobrado sob o peso de sua dor. Que consolações buscamos quando as palavras não alcançam o íntimo da alma? Talvez, a resposta esteja na ternura que escorre, discreta, de um gesto inesperado, no calor de uma mão que toca a outra, ou na simples percepção de que, mesmo no sofrimento, nunca estamos completamente sozinhos.

Penso também naquele que se sente culpado, aquele que carrega o arrependimento como uma sombra constante. Não seria o arrependimento, afinal, a mão invisível que nos puxa para o alto, nos relembrando que somos mais do que nossos erros? É na verdade do espírito que ele encontra sua redenção, na compaixão por si mesmo que ele percebe a centelha divina que ainda habita em seu ser.

E então, o pedido se expande, não mais para um ou para outro, mas para todos. Que a bondade de Deus envolva tudo o que ele criou, que a paz toque os que sofrem e que a esperança ressurja, mesmo em meio às ruínas da alma. Como um raio que corta a escuridão, o amor divino tem o poder de transformar lágrimas em orvalho, dores em aprendizado, separação em reencontro.

Nós, pequenos, frágeis, e ainda assim imensos em nossos anseios, nos erguemos como crianças diante de um Pai que nos convida a crescer. Em Sua bondade, nos oferece o espelho da simplicidade, onde, se nos despirmos de todas as máscaras, veremos refletida a perfeição da sua imagem.

E assim, com braços abertos, esperamos, como Moisés o fez, diante da montanha. Não esperamos milagres que alterem o mundo, mas a força para sermos nós o milagre em cada pequeno gesto de caridade, em cada escolha de humildade, em cada ato de fé que nos aproxime de Deus.

A prece, então, não termina; ela continua. Vibra no ar, caminha pelos dias, repousa nas noites. É como a respiração da alma – silenciosa, constante, sempre subindo, até se unir, em um só pensamento, ao reconhecimento e ao amor divino.

E assim, o mundo segue, não perfeito, mas sustentado pela esperança de que, um dia, nossas almas sejam, enfim, reflexos claros da imagem divina.

José Luiz Ricchetti – 27/01/25

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Na quietude de uma tarde que se deita lentamente, os sons da vida vão se apagando, dando lugar a um murmúrio interno. É nesse instante que a alma, cansada das urgências do mundo, ergue os olhos para o alto, buscando o silêncio que conforta. Ali, entre o pulsar do coração e o ressoar de um pensamento, nasce uma prece – não como um sussurro de palavras, mas como um grito mudo, que rasga as fibras da alma em direção ao infinito.

“Obrigado Pai por mais este dia…” O eco dessas palavras não precisa de templos nem de altares; ele se espalha pelo vasto templo do mundo. Está nos campos onde o orvalho insiste em acariciar as folhas, nas cidades onde o concreto tenta sufocar o céu, e nos corações que, mesmo na escuridão, anseiam pela luz.

Imagino um viajante, solitário em sua jornada, guiado por uma estrela invisível. Seus pés marcados pela poeira do caminho carregam mais do que cansaço – eles trazem histórias, dores e esperanças. A estrela, cintilando em sua eternidade, não é apenas uma guia; é um lembrete de que, por mais longa que seja a estrada, o céu nunca nos abandona.

E há o aflito, dobrado sob o peso de sua dor. Que consolações buscamos quando as palavras não alcançam o íntimo da alma? Talvez, a resposta esteja na ternura que escorre, discreta, de um gesto inesperado, no calor de uma mão que toca a outra, ou na simples percepção de que, mesmo no sofrimento, nunca estamos completamente sozinhos.

Penso também naquele que se sente culpado, aquele que carrega o arrependimento como uma sombra constante. Não seria o arrependimento, afinal, a mão invisível que nos puxa para o alto, nos relembrando que somos mais do que nossos erros? É na verdade do espírito que ele encontra sua redenção, na compaixão por si mesmo que ele percebe a centelha divina que ainda habita em seu ser.

E então, o pedido se expande, não mais para um ou para outro, mas para todos. Que a bondade de Deus envolva tudo o que ele criou, que a paz toque os que sofrem e que a esperança ressurja, mesmo em meio às ruínas da alma. Como um raio que corta a escuridão, o amor divino tem o poder de transformar lágrimas em orvalho, dores em aprendizado, separação em reencontro.

Nós, pequenos, frágeis, e ainda assim imensos em nossos anseios, nos erguemos como crianças diante de um Pai que nos convida a crescer. Em Sua bondade, nos oferece o espelho da simplicidade, onde, se nos despirmos de todas as máscaras, veremos refletida a perfeição da sua imagem.

E assim, com braços abertos, esperamos, como Moisés o fez, diante da montanha. Não esperamos milagres que alterem o mundo, mas a força para sermos nós o milagre em cada pequeno gesto de caridade, em cada escolha de humildade, em cada ato de fé que nos aproxime de Deus.

A prece, então, não termina; ela continua. Vibra no ar, caminha pelos dias, repousa nas noites. É como a respiração da alma – silenciosa, constante, sempre subindo, até se unir, em um só pensamento, ao reconhecimento e ao amor divino.

E assim, o mundo segue, não perfeito, mas sustentado pela esperança de que, um dia, nossas almas sejam, enfim, reflexos claros da imagem divina.

José Luiz Ricchetti – 27/01/25

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