Letícia: “Eu fui vítima de violência política de gênero dentro deste plenário”

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Confira o discurso de posse da vereadora Letícia Castaldi:

Boa noite, senhores e senhoras, quero cumprimentar nesse momento a todas as autoridades na pessoa do presidente dessa casa, vereador Pedro Biandan, a quem estimo muito, e cumprimentar a excelentíssima vice-prefeita Márcia, mulher forte, decidida e vitoriosa, em nome da qual cumprimento todas as mulheres aqui presentes e as mulheres da nossa cidade. Eu começo esse discurso de posse com a fala da ministra do Tribunal Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia. Abre aspas.

“Não é desvalorizando e achando que mulheres são coitadas, porque coitadas não somos. Somos pessoas autônomas, em condições iguais às dos homens, e por isso, quando se fala que o partido abandonou, como outrora se falava, ah, o marido abandonou a coitada. Não tem coitada, não. Não queremos ser coitadas, queremos ser cidadãs, iguais. A desigualdade está nesse tipo de tratamento, e é preciso essa educação que a justiça eleitoral tem a tradição de oferecer, de reconhecê-la a nós, mulheres, como pessoas dotadas de autonomia e capazes, sem precisar sermos amparadas ou cortejadas. Da justiça não se quer empatia, se quer cumprimento da Constituição e da lei. Empatia temos nós, humanos, uns com os outros”.

E foi por respeito a mim, por respeito a tudo aquilo que eu defendo e acredito como mulher, pela minha luta em defesa dos nossos direitos, pelos 480 votos que eu obtive na última eleição e me fizeram a mulher mais votada dessa cidade, é que denunciei na justiça uma fraude contra mulheres ocorrida nas eleições de 2020.

Muitos poderiam ter feito isso, porque muitos sabiam dessa questão, mas ninguém o fez. Precisou uma mulher ir buscar na justiça a reparação de uma injustiça contra nós mesmas. Parece cômico, né? Mas não é. E numa decisão unânime dos seus julgadores, o TSE comprovou que houve fraude à cota de gênero nas eleições de 2020 em São Manuel e, como determina a lei, anularam o drape de cinco partidos que tinham assento nessa casa e, consequentemente, oito vereadores foram caçados.

image-6 Letícia: "Eu fui vítima de violência política de gênero dentro deste plenário"

Eu me solidarizo com aqueles que foram caçados, alguns deles estão aqui, eu me solidarizo com vocês. Eu não estou feliz com a perda do mandato dos meus colegas, se é assim que posso chamá-los. Eu conheço muitos de vocês e sei que todos têm projetos políticos, porém eu não posso me deparar com uma fraude e me omitir. Vai contra meus princípios.

Muitos deles esbravejaram, me criticaram, me chacotaram, se alteraram ao falar de mim. Percebem o quanto tudo é mais difícil para nós mulheres? Eu fui vítima de violência política de gênero dentro deste plenário.

Tentaram aos berros me diminuir, tentaram menosprezar a minha luta, mas eles não conseguiram. Me sinto ainda mais forte para lutar por aquilo que eu acredito. Não fui eu quem cometeu a fraude, eu busquei na justiça a correção dela, só isso.

Me sinto ainda mais forte para lutar por aquilo que eu acredito. Fui cobrada por muitos para estar aqui neste momento respondendo as falas preconceituosas que eu fui vítima, porém eu assimilei e não vou replicá-las, dando margem para mais preconceito, uma prática que foi constante neste plenário, infelizmente. Com a consciência do dever cumprido, eu tomo posse de coração aberto para trabalhar pelo benefício e grandeza da nossa São Manuel e elevar a nossa cidade ao patamar que ela merece.

Vamos juntos, nós 13 vereadores, trabalhar realmente pelo povo. Enfim, eu deixo mais uma vez essa frase da ministra Carmem Lúcia, o que a gente quer não é empatia, nós mulheres queremos é respeito aos nossos direitos. Muito obrigada.

Letícia: “Eu fui vítima de violência política de gênero dentro deste plenário”

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Confira o discurso de posse da vereadora Letícia Castaldi:

Boa noite, senhores e senhoras, quero cumprimentar nesse momento a todas as autoridades na pessoa do presidente dessa casa, vereador Pedro Biandan, a quem estimo muito, e cumprimentar a excelentíssima vice-prefeita Márcia, mulher forte, decidida e vitoriosa, em nome da qual cumprimento todas as mulheres aqui presentes e as mulheres da nossa cidade. Eu começo esse discurso de posse com a fala da ministra do Tribunal Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia. Abre aspas.

“Não é desvalorizando e achando que mulheres são coitadas, porque coitadas não somos. Somos pessoas autônomas, em condições iguais às dos homens, e por isso, quando se fala que o partido abandonou, como outrora se falava, ah, o marido abandonou a coitada. Não tem coitada, não. Não queremos ser coitadas, queremos ser cidadãs, iguais. A desigualdade está nesse tipo de tratamento, e é preciso essa educação que a justiça eleitoral tem a tradição de oferecer, de reconhecê-la a nós, mulheres, como pessoas dotadas de autonomia e capazes, sem precisar sermos amparadas ou cortejadas. Da justiça não se quer empatia, se quer cumprimento da Constituição e da lei. Empatia temos nós, humanos, uns com os outros”.

E foi por respeito a mim, por respeito a tudo aquilo que eu defendo e acredito como mulher, pela minha luta em defesa dos nossos direitos, pelos 480 votos que eu obtive na última eleição e me fizeram a mulher mais votada dessa cidade, é que denunciei na justiça uma fraude contra mulheres ocorrida nas eleições de 2020.

Muitos poderiam ter feito isso, porque muitos sabiam dessa questão, mas ninguém o fez. Precisou uma mulher ir buscar na justiça a reparação de uma injustiça contra nós mesmas. Parece cômico, né? Mas não é. E numa decisão unânime dos seus julgadores, o TSE comprovou que houve fraude à cota de gênero nas eleições de 2020 em São Manuel e, como determina a lei, anularam o drape de cinco partidos que tinham assento nessa casa e, consequentemente, oito vereadores foram caçados.

image-6 Letícia: "Eu fui vítima de violência política de gênero dentro deste plenário"

Eu me solidarizo com aqueles que foram caçados, alguns deles estão aqui, eu me solidarizo com vocês. Eu não estou feliz com a perda do mandato dos meus colegas, se é assim que posso chamá-los. Eu conheço muitos de vocês e sei que todos têm projetos políticos, porém eu não posso me deparar com uma fraude e me omitir. Vai contra meus princípios.

Muitos deles esbravejaram, me criticaram, me chacotaram, se alteraram ao falar de mim. Percebem o quanto tudo é mais difícil para nós mulheres? Eu fui vítima de violência política de gênero dentro deste plenário.

Tentaram aos berros me diminuir, tentaram menosprezar a minha luta, mas eles não conseguiram. Me sinto ainda mais forte para lutar por aquilo que eu acredito. Não fui eu quem cometeu a fraude, eu busquei na justiça a correção dela, só isso.

Me sinto ainda mais forte para lutar por aquilo que eu acredito. Fui cobrada por muitos para estar aqui neste momento respondendo as falas preconceituosas que eu fui vítima, porém eu assimilei e não vou replicá-las, dando margem para mais preconceito, uma prática que foi constante neste plenário, infelizmente. Com a consciência do dever cumprido, eu tomo posse de coração aberto para trabalhar pelo benefício e grandeza da nossa São Manuel e elevar a nossa cidade ao patamar que ela merece.

Vamos juntos, nós 13 vereadores, trabalhar realmente pelo povo. Enfim, eu deixo mais uma vez essa frase da ministra Carmem Lúcia, o que a gente quer não é empatia, nós mulheres queremos é respeito aos nossos direitos. Muito obrigada.

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