PAÇO A PASSO – Capítulo III – Meus amigos de infância

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Assim que deixamos os céus da São Manuel dos anos 70 e nos perdemos naquele mar de nuvens novamente, talvez uns quinze minutos tenham se passado. Olho pela janela e percebo que o carro já diminui a sua velocidade e voa à uma menor altitude.

Agora observo que ele sobrevoa a rodovia dos Bandeirantes, logo depois a rodovia Washington Luís, para chegar aos céus de uma outra cidade, agora bem maior que a minha cidade natal. Reconheço a cidade como sendo São Carlos. O relógio do painel me mostra agora que estamos em 2018.

Estamos então sobrevoando um grande condomínio de casas, que me parece bem familiar e em poucos minutos aterrissamos em frente a uma casa desse condomínio. Quando olho pela janela, percebo que a casa é exatamente a minha!

Olho novamente para fora e vejo um dos meus amigos de infância e sua esposa, ele agora já bem mais velho, é verdade, saindo de um carro, em frente à casa. Observo que minha esposa os está recebendo na porta e em seguida todos entram para o seu interior.

Na mesma rua vejo também outros carros com placa da minha cidade, São Manuel. “Ué o que será que todos fazem aqui em casa?”

Curioso, desço do carro e olho desconfiado pela grande janela frontal e vejo que ali está se desenrolando uma reunião. É um encontro com muitos dos meus velhos amigos de infância. Estão ali comigo, Beto, Bia, Renato, Teté, Waltinho e Rubinho.

Então me dou conta, que algumas décadas depois, eu tinha finalmente, naquele ano de 2018, conseguido reunir todos aqueles meus amigos de infância, num inesquecível e fantástico encontro.

Eu agora estava como mero espectador do tempo, vendo do outro lado da janela, todos eles e eu próprio, naquele dia em particular, celebrando o grande encontro na minha casa. – Que loucura são esses buracos de minhoca! Pensei com meus botões…

Mas como a vida é feita de momentos, sendo loucura ou não, eu tinha que aproveitar e curtir aquele, que já tinha sido e voltava a ser um daqueles momentos especiais, momentos de plena alegria. Afinal, não são muitos os que tem essa oportunidade, de conseguir manter durante mais de uma vida, grandes amigos, principalmente os amigos de infância e reuni-los na sua própria casa, quase 50 anos depois.

Foi assim, com esse pensamento, que me deixei levar por aquelas maravilhosas recordações, ali, naquele momento, olhando para mim mesmo, lá dentro junto com meus amigos do peito, pelo vidro daquela vidraça, que enganava o próprio tempo.
Comecei então a me lembrar o quanto esses meus amigos participaram ativamente de toda a minha infância e juventude, e como me completam com uma coisa que prezo muito, que é viver a vida tendo sempre amigos por perto, os de ontem, os de hoje e se Deus quiser também os de amanhã!

Fazer amigos e ter a felicidade de permanecer com eles é um privilégio de poucos e pelo qual sempre agradeci muito por isso. Sempre tive uma ótima turma de amigos de infância, com certeza muito mais que dez ou doze, sendo que os mais próximos e frequentes talvez fossem seis ou melhor sete, para fechar a conta, com este número cabalístico.

Amigos inseparáveis, todos presentes na maioria das brincadeiras, das viagens, nos carnavais, na troca de confidências, nos jogos de cacheta, nas rodadas de cerveja, nas férias nos sítios, nos bailes, nas farras, nos churrascos e nos deliciosos fins de noite, onde jogávamos conversa fora, num dos cantos do jardim atrás da Igreja Matriz.

Acho que tudo começou quando bem pequenos, na sala do pré-primário da Prof.ª Sirte Braga ou no 1º ano primário da Dona Isaura Lima, embora alguns deles fossem um pouco mais velhos do que eu e suas primeiras professoras possam ter sido outras.

Ou talvez então, penso eu, tudo tenha começado bem mais cedo ainda, quando pulávamos a banda em volta do coreto, junto com nossos pais…
Mas isso não importa, éramos e somos amigos.

Essas amizades, iniciadas como disse, talvez no coreto, continuou pelas brincadeiras de mocinho e bandido, com o pega-pega no jardim, na pelada de rua, no jogo de bolinhas de gude e tento, nas caçadas com o estilingue, nos alçapões de pegar passarinho, nos banhos de rio, nas passadas de peneira para pescar cascudos no rio e nos inúmeros passeios de bicicleta, pela estrada da escola agrícola, rumo a sua cachoeira ou então por várias outras estradas vicinais, na redondeza da cidade.

Eles foram meus amigos dos carrinhos de rolimã, da troca de gibis nas matinês no cinema velho, das coleções de álbuns de figurinhas, do jogo de bafo e das brincadeiras de pega-pega, em volta da piscina do Tênis Clube, sob o olhar severo do velho e saudoso “Seu Jorge”, o querido zelador do clube.

Tardes de natação que tinham que ser completadas, na hora da saída, na porta do clube, com um saquinho de pipoca com molho de pimenta, um quebra-queixo e aquela opaca e colorida geleia, com gosto de maizena, do nosso amigo pipoqueiro “Seu João”.

Amigos também nos esportes, dos treinos de corrida de cem metros e saltos em extensão, do futebol de fim de tarde, no antigo campo municipal, treinados pelo esforçado zelador do campo, o “Seu Américo”.

Amigos de Infância dos jogos de basquete e vôlei, fazendo parte da “nata” da seleção do colégio, jogando nas cidades do interior, comandados pelo inesquecível Prof. Frossard, nosso zeloso professor de Educação Física, apoiado sempre pelos não menos especiais, professores de Física e Matemática, respectivamente Prof. Chiquinho Rebuá e Prof. João Lima., sem falar do nosso Prof. Hélio Zeminian.

Amigos das ‘brincadeiras dançantes’, na garagem da casa de alguma das nossas meninas, regadas a um escondido litro de Martini doce, das danças de rosto colado, entrelaçando nossas mãos suadas, embaladas pelas batidas aceleradas dos nossos corações, selando com o primeiro beijo no rosto, ao embalo da voz de Roberto Carlos, cantando a ‘Nossa Canção’.

Amigos das serenatas de todos os sábados pelas ruas da cidade, visitando nossas musas, amigas e namoradas, tendo como complemento uma poesia do nosso inesquecível amigo e poeta Delton Castaldi.

Amigos dos desfiles de carros alegóricos, idealizados pela incansável Prof.ª Edméia, sempre muito bem elaborados, em todos os nossos feriados oficiais, que tinham também apresentações da banda marcial do Colégio Agrícola e do sempre garboso batalhão do Tiro de Guerra TG 02-047 e da sempre improvisada, mas gostosa e divertida fanfarra do nosso Instituto de Educação.

Amigos do primeiro fogo, no reservado do bar do Kawakami, da deliciosa pizza ou ‘bauru’ do João, ali no bar Colonial e das brincadeiras dançantes na Churrascaria Kibrasa, do nosso amigo Mauro de Oliveira, ao som dos conjuntos do Paulinho ou então do Brahma, na voz potente do cantor Alberto.

Amigos das intermináveis partidas de sinuca, na Patota ou no bar Brasília, dos encontros para escutar os novos sucessos na vitrola da Casa Ricchetti, dos grandes bailes com orquestras do Clube Recreativo, das sessões no Cine São Manuel, o cinema novo, de terno e gravata, para aproveitar o escurinho da plateia e “pegar na mão” das meninas, enquanto os mais velhos se beijavam no ‘Pulmam’, com suas modernas cadeiras reclináveis, chupando uma bala ‘Pipper’.

Amigos das visitas às fazendas dos Pupo, dos Miranda, dos Barros, dos Junqueira, dos Simões, dos Souza Aranha e outras tantas, para paquerar as “meninas de fora”, que vinham passar férias em nossa cidade.

Amigos das inúmeras férias, no sítio São Luiz, do tio Walter Carrer, às vezes também juntos e misturado com outro grupo de amigas de uma geração anterior, provando que seja no amor ou na amizade vale qualquer idade.

Amigos dos passeios a cavalo, cavalgando os inesquecíveis ‘Coração’, o ‘Alazão’ , ‘Bico Branco’, ‘Piriquito’ e a mula ‘Amazonas’ ou então dos banhos no pequeno lago, antes da cachoeira, com aquele trampolim feito de uma tábua só, enfiada no barranco, das caçadas de passarinhos, com rifle 22 e da inesquecível pinga com groselha no bar do Guarantã.
Amigos da primeira viagem solo, das férias que apelidamos de ‘Quem procura acha’, conhecendo Brasília a jovem e famosa Capital Federal, depois de uma maratona de horas alternando ônibus e trem, hospedados em um apartamento funcional da alta burocracia federal.

Viagem que teve grandes aventuras no moderno Aero Willys Itamarati, cor prata, do famoso Laércio, tio do nosso amigo Renato. Tio Laércio que nos levou para conhecer os melhores lugares da famosa cidade de Lúcio Costa e Niemeyer, incluindo o famoso Clube das Nações, sem falar naquela emocionante primeira noite, em visita ao bairro das moças de vida fácil.

Amigos das escapadas para o clube Água Nova, com o velho Fordão, para pescar e nadar na represa; amigos das madrugadas frias, regadas a quentão, enfeitando as ruas na véspera de Corpus Christi, dos blocos nos maravilhosos bailes de carnaval, com suas marchinhas, o lança perfume e muito confete e serpentina. Amigos desse tempo bom, de curtir a primeira namorada e de dar o primeiro beijo, no banco do jardim da Igreja Matriz.

Estou ali, ainda no meio dessas maravilhosas lembranças, que não param de brotar na minha cabeça, quando o painel do Ford soa mais uma vez com aquele seu já conhecido “bip-bip”. Vejo acender a luz vermelha, me avisando que o tempo está acabando. Só tenho mais alguns minutos entre a luz amarela e a luz verde!

O carro ronca forte, a luz amarela se acende, em seguida vem a verde e ele arranca avançando firme e rapidamente, ganhando velocidade pelas ruas do meu condomínio, o Residencial Damha II, em São Carlos.

Em poucos segundos atinge alta velocidade e alça voo mais uma vez. O encontro com os amigos do peito fica para trás e lá vou eu, quem sabe, para mais uma aventura.
No passado ou futuro? Não sei….

Enquanto o carro ganha altura e se afasta dos céus de São Carlos eu me recosto no banco e recordo mais algumas passagens que vivi com esses grandes amigos, quando então me vem à mente a linda frase de Charles Chaplin que resume bem o meu sentimento em relação a essas grandes amizades:

‘Durante a nossa vida, conhecemos pessoas que vêm e que ficam e outras que vêm e passam. Existem aquelas que, vêm, ficam e depois de algum tempo se vão. Mas existem aquelas que vêm e se vão com uma enorme vontade de ficar!’

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Assim que deixamos os céus da São Manuel dos anos 70 e nos perdemos naquele mar de nuvens novamente, talvez uns quinze minutos tenham se passado. Olho pela janela e percebo que o carro já diminui a sua velocidade e voa à uma menor altitude.

Agora observo que ele sobrevoa a rodovia dos Bandeirantes, logo depois a rodovia Washington Luís, para chegar aos céus de uma outra cidade, agora bem maior que a minha cidade natal. Reconheço a cidade como sendo São Carlos. O relógio do painel me mostra agora que estamos em 2018.

Estamos então sobrevoando um grande condomínio de casas, que me parece bem familiar e em poucos minutos aterrissamos em frente a uma casa desse condomínio. Quando olho pela janela, percebo que a casa é exatamente a minha!

Olho novamente para fora e vejo um dos meus amigos de infância e sua esposa, ele agora já bem mais velho, é verdade, saindo de um carro, em frente à casa. Observo que minha esposa os está recebendo na porta e em seguida todos entram para o seu interior.

Na mesma rua vejo também outros carros com placa da minha cidade, São Manuel. “Ué o que será que todos fazem aqui em casa?”

Curioso, desço do carro e olho desconfiado pela grande janela frontal e vejo que ali está se desenrolando uma reunião. É um encontro com muitos dos meus velhos amigos de infância. Estão ali comigo, Beto, Bia, Renato, Teté, Waltinho e Rubinho.

Então me dou conta, que algumas décadas depois, eu tinha finalmente, naquele ano de 2018, conseguido reunir todos aqueles meus amigos de infância, num inesquecível e fantástico encontro.

Eu agora estava como mero espectador do tempo, vendo do outro lado da janela, todos eles e eu próprio, naquele dia em particular, celebrando o grande encontro na minha casa. – Que loucura são esses buracos de minhoca! Pensei com meus botões…

Mas como a vida é feita de momentos, sendo loucura ou não, eu tinha que aproveitar e curtir aquele, que já tinha sido e voltava a ser um daqueles momentos especiais, momentos de plena alegria. Afinal, não são muitos os que tem essa oportunidade, de conseguir manter durante mais de uma vida, grandes amigos, principalmente os amigos de infância e reuni-los na sua própria casa, quase 50 anos depois.

Foi assim, com esse pensamento, que me deixei levar por aquelas maravilhosas recordações, ali, naquele momento, olhando para mim mesmo, lá dentro junto com meus amigos do peito, pelo vidro daquela vidraça, que enganava o próprio tempo.
Comecei então a me lembrar o quanto esses meus amigos participaram ativamente de toda a minha infância e juventude, e como me completam com uma coisa que prezo muito, que é viver a vida tendo sempre amigos por perto, os de ontem, os de hoje e se Deus quiser também os de amanhã!

Fazer amigos e ter a felicidade de permanecer com eles é um privilégio de poucos e pelo qual sempre agradeci muito por isso. Sempre tive uma ótima turma de amigos de infância, com certeza muito mais que dez ou doze, sendo que os mais próximos e frequentes talvez fossem seis ou melhor sete, para fechar a conta, com este número cabalístico.

Amigos inseparáveis, todos presentes na maioria das brincadeiras, das viagens, nos carnavais, na troca de confidências, nos jogos de cacheta, nas rodadas de cerveja, nas férias nos sítios, nos bailes, nas farras, nos churrascos e nos deliciosos fins de noite, onde jogávamos conversa fora, num dos cantos do jardim atrás da Igreja Matriz.

Acho que tudo começou quando bem pequenos, na sala do pré-primário da Prof.ª Sirte Braga ou no 1º ano primário da Dona Isaura Lima, embora alguns deles fossem um pouco mais velhos do que eu e suas primeiras professoras possam ter sido outras.

Ou talvez então, penso eu, tudo tenha começado bem mais cedo ainda, quando pulávamos a banda em volta do coreto, junto com nossos pais…
Mas isso não importa, éramos e somos amigos.

Essas amizades, iniciadas como disse, talvez no coreto, continuou pelas brincadeiras de mocinho e bandido, com o pega-pega no jardim, na pelada de rua, no jogo de bolinhas de gude e tento, nas caçadas com o estilingue, nos alçapões de pegar passarinho, nos banhos de rio, nas passadas de peneira para pescar cascudos no rio e nos inúmeros passeios de bicicleta, pela estrada da escola agrícola, rumo a sua cachoeira ou então por várias outras estradas vicinais, na redondeza da cidade.

Eles foram meus amigos dos carrinhos de rolimã, da troca de gibis nas matinês no cinema velho, das coleções de álbuns de figurinhas, do jogo de bafo e das brincadeiras de pega-pega, em volta da piscina do Tênis Clube, sob o olhar severo do velho e saudoso “Seu Jorge”, o querido zelador do clube.

Tardes de natação que tinham que ser completadas, na hora da saída, na porta do clube, com um saquinho de pipoca com molho de pimenta, um quebra-queixo e aquela opaca e colorida geleia, com gosto de maizena, do nosso amigo pipoqueiro “Seu João”.

Amigos também nos esportes, dos treinos de corrida de cem metros e saltos em extensão, do futebol de fim de tarde, no antigo campo municipal, treinados pelo esforçado zelador do campo, o “Seu Américo”.

Amigos de Infância dos jogos de basquete e vôlei, fazendo parte da “nata” da seleção do colégio, jogando nas cidades do interior, comandados pelo inesquecível Prof. Frossard, nosso zeloso professor de Educação Física, apoiado sempre pelos não menos especiais, professores de Física e Matemática, respectivamente Prof. Chiquinho Rebuá e Prof. João Lima., sem falar do nosso Prof. Hélio Zeminian.

Amigos das ‘brincadeiras dançantes’, na garagem da casa de alguma das nossas meninas, regadas a um escondido litro de Martini doce, das danças de rosto colado, entrelaçando nossas mãos suadas, embaladas pelas batidas aceleradas dos nossos corações, selando com o primeiro beijo no rosto, ao embalo da voz de Roberto Carlos, cantando a ‘Nossa Canção’.

Amigos das serenatas de todos os sábados pelas ruas da cidade, visitando nossas musas, amigas e namoradas, tendo como complemento uma poesia do nosso inesquecível amigo e poeta Delton Castaldi.

Amigos dos desfiles de carros alegóricos, idealizados pela incansável Prof.ª Edméia, sempre muito bem elaborados, em todos os nossos feriados oficiais, que tinham também apresentações da banda marcial do Colégio Agrícola e do sempre garboso batalhão do Tiro de Guerra TG 02-047 e da sempre improvisada, mas gostosa e divertida fanfarra do nosso Instituto de Educação.

Amigos do primeiro fogo, no reservado do bar do Kawakami, da deliciosa pizza ou ‘bauru’ do João, ali no bar Colonial e das brincadeiras dançantes na Churrascaria Kibrasa, do nosso amigo Mauro de Oliveira, ao som dos conjuntos do Paulinho ou então do Brahma, na voz potente do cantor Alberto.

Amigos das intermináveis partidas de sinuca, na Patota ou no bar Brasília, dos encontros para escutar os novos sucessos na vitrola da Casa Ricchetti, dos grandes bailes com orquestras do Clube Recreativo, das sessões no Cine São Manuel, o cinema novo, de terno e gravata, para aproveitar o escurinho da plateia e “pegar na mão” das meninas, enquanto os mais velhos se beijavam no ‘Pulmam’, com suas modernas cadeiras reclináveis, chupando uma bala ‘Pipper’.

Amigos das visitas às fazendas dos Pupo, dos Miranda, dos Barros, dos Junqueira, dos Simões, dos Souza Aranha e outras tantas, para paquerar as “meninas de fora”, que vinham passar férias em nossa cidade.

Amigos das inúmeras férias, no sítio São Luiz, do tio Walter Carrer, às vezes também juntos e misturado com outro grupo de amigas de uma geração anterior, provando que seja no amor ou na amizade vale qualquer idade.

Amigos dos passeios a cavalo, cavalgando os inesquecíveis ‘Coração’, o ‘Alazão’ , ‘Bico Branco’, ‘Piriquito’ e a mula ‘Amazonas’ ou então dos banhos no pequeno lago, antes da cachoeira, com aquele trampolim feito de uma tábua só, enfiada no barranco, das caçadas de passarinhos, com rifle 22 e da inesquecível pinga com groselha no bar do Guarantã.
Amigos da primeira viagem solo, das férias que apelidamos de ‘Quem procura acha’, conhecendo Brasília a jovem e famosa Capital Federal, depois de uma maratona de horas alternando ônibus e trem, hospedados em um apartamento funcional da alta burocracia federal.

Viagem que teve grandes aventuras no moderno Aero Willys Itamarati, cor prata, do famoso Laércio, tio do nosso amigo Renato. Tio Laércio que nos levou para conhecer os melhores lugares da famosa cidade de Lúcio Costa e Niemeyer, incluindo o famoso Clube das Nações, sem falar naquela emocionante primeira noite, em visita ao bairro das moças de vida fácil.

Amigos das escapadas para o clube Água Nova, com o velho Fordão, para pescar e nadar na represa; amigos das madrugadas frias, regadas a quentão, enfeitando as ruas na véspera de Corpus Christi, dos blocos nos maravilhosos bailes de carnaval, com suas marchinhas, o lança perfume e muito confete e serpentina. Amigos desse tempo bom, de curtir a primeira namorada e de dar o primeiro beijo, no banco do jardim da Igreja Matriz.

Estou ali, ainda no meio dessas maravilhosas lembranças, que não param de brotar na minha cabeça, quando o painel do Ford soa mais uma vez com aquele seu já conhecido “bip-bip”. Vejo acender a luz vermelha, me avisando que o tempo está acabando. Só tenho mais alguns minutos entre a luz amarela e a luz verde!

O carro ronca forte, a luz amarela se acende, em seguida vem a verde e ele arranca avançando firme e rapidamente, ganhando velocidade pelas ruas do meu condomínio, o Residencial Damha II, em São Carlos.

Em poucos segundos atinge alta velocidade e alça voo mais uma vez. O encontro com os amigos do peito fica para trás e lá vou eu, quem sabe, para mais uma aventura.
No passado ou futuro? Não sei….

Enquanto o carro ganha altura e se afasta dos céus de São Carlos eu me recosto no banco e recordo mais algumas passagens que vivi com esses grandes amigos, quando então me vem à mente a linda frase de Charles Chaplin que resume bem o meu sentimento em relação a essas grandes amizades:

‘Durante a nossa vida, conhecemos pessoas que vêm e que ficam e outras que vêm e passam. Existem aquelas que, vêm, ficam e depois de algum tempo se vão. Mas existem aquelas que vêm e se vão com uma enorme vontade de ficar!’

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