CRÔNICA: CAMINHANDO CONTRA O VENTO

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cabeca-ricchetti CRÔNICA: CAMINHANDO CONTRA O VENTO

Ah minha querida cidade natal, famosa pelos seus ventos, que sempre trazem aquela sensação de bem-estar, do contato com o ar puro das suas noites, principalmente aquelas onde a lua, no céu estrelado, se faz presente, iluminando pensamentos…

Caminhando-contra-o-vento2 CRÔNICA: CAMINHANDO CONTRA O VENTO
Imagem: depositphotos

Caminhando contra o vento, pelas suas calçadas de ladrilhos beges e quadriculados, que margeiam as ruas de paralelepípedo, fecho os olhos e peço àquele vento que leve tudo o que for desnecessário, tudo aquilo que não me serve mais e que não pode ser útil para fazer da minha vida algo que valha a pena…

Vento que me traz o cansaço por carregar coisas inúteis, empurrar os pacotes pesados do espírito, aqueles que trazem escrito, bem em cima, ‘sem valor’.

Por isso é preciso que o vento traga consigo apenas as coisas boas, aquilo que caiba, quem sabe numa pequena caixa, talvez que possa ser escondido em algum cantinho do coração, caixa onde precisa estar escrito, mesmo que em letras miúdas ‘coisas que valem a pena’…

Talvez as coisas boas não caibam, nem mesmo numa caixa, mas quem sabe numa pequena carteira, sem documentos, mas cheia daqueles valores que se aprende com o decorrer do tempo. Tempo sempre marcado pelo relógio de quatro cantos que o mesmo vento beija, todas as noites no topo da torre central…

Vento que se espalha levando esses aprendizados, com a esperança de tempos melhores, com a certeza de que não é o ponto final, mas apenas o começo, o ponto de partida para novos caminhos, em busca do amor, da fé e da esperança…

É preciso também que o mesmo vento leve consigo as minhas tristezas, lágrimas e maus pensamentos. Que ele deixe vivo em mim somente os aprendizados, que um dia, os fracassos impregnaram, indelével, na minha alma…

Que o vento me empurre para novas estradas da vida, aquelas que meu coração, pleno de esperança, como uma bussola, indica como sendo o novo norte, que diz para seguir sempre em frente, sem deixar que o medo povoe os meus pensamentos…
Vento que me assegure que todas as pedras encontradas pelo caminho, devem ser encaradas apenas como degraus, degraus para se subir em cima, olhar para trás e admirar todas as montanhas e vales que percorri e venci…

Agora eu sei…

Que nada morre ou perece em vão, quando se encara esse vento de frente, quando se caminha, seguindo o som da sua força, que agita árvores, que traz consigo o frescor da noite, que alimenta o orvalho, que molha a terra, que seduz as flores, que embala as manhãs, que leva junto o calor do sol que aquece e ilumina cada novo dia….

Que é preciso sentir sempre dentro desse vento a esperança, a mesma que grita, como o som do farfalhar das folhas…

Vento que traz a boa notícia de que na vida a gente aprende com os mestres, viaja com os livros, mas só descobre o que é simples com os humildes, aqueles que não sabem o significado da palavra ego…

Assim, se a vida é curta ou longa, pouco interessa. O que importa é que ela pode ser bem mais interessante, pode valer bem mais a pena se for vivida, caminhando contra o vento, mas sentindo sempre a brisa morna que toca o coração das pessoas…

José Luiz Ricchetti – 15/07/2022

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Ah minha querida cidade natal, famosa pelos seus ventos, que sempre trazem aquela sensação de bem-estar, do contato com o ar puro das suas noites, principalmente aquelas onde a lua, no céu estrelado, se faz presente, iluminando pensamentos…

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Imagem: depositphotos

Caminhando contra o vento, pelas suas calçadas de ladrilhos beges e quadriculados, que margeiam as ruas de paralelepípedo, fecho os olhos e peço àquele vento que leve tudo o que for desnecessário, tudo aquilo que não me serve mais e que não pode ser útil para fazer da minha vida algo que valha a pena…

Vento que me traz o cansaço por carregar coisas inúteis, empurrar os pacotes pesados do espírito, aqueles que trazem escrito, bem em cima, ‘sem valor’.

Por isso é preciso que o vento traga consigo apenas as coisas boas, aquilo que caiba, quem sabe numa pequena caixa, talvez que possa ser escondido em algum cantinho do coração, caixa onde precisa estar escrito, mesmo que em letras miúdas ‘coisas que valem a pena’…

Talvez as coisas boas não caibam, nem mesmo numa caixa, mas quem sabe numa pequena carteira, sem documentos, mas cheia daqueles valores que se aprende com o decorrer do tempo. Tempo sempre marcado pelo relógio de quatro cantos que o mesmo vento beija, todas as noites no topo da torre central…

Vento que se espalha levando esses aprendizados, com a esperança de tempos melhores, com a certeza de que não é o ponto final, mas apenas o começo, o ponto de partida para novos caminhos, em busca do amor, da fé e da esperança…

É preciso também que o mesmo vento leve consigo as minhas tristezas, lágrimas e maus pensamentos. Que ele deixe vivo em mim somente os aprendizados, que um dia, os fracassos impregnaram, indelével, na minha alma…

Que o vento me empurre para novas estradas da vida, aquelas que meu coração, pleno de esperança, como uma bussola, indica como sendo o novo norte, que diz para seguir sempre em frente, sem deixar que o medo povoe os meus pensamentos…
Vento que me assegure que todas as pedras encontradas pelo caminho, devem ser encaradas apenas como degraus, degraus para se subir em cima, olhar para trás e admirar todas as montanhas e vales que percorri e venci…

Agora eu sei…

Que nada morre ou perece em vão, quando se encara esse vento de frente, quando se caminha, seguindo o som da sua força, que agita árvores, que traz consigo o frescor da noite, que alimenta o orvalho, que molha a terra, que seduz as flores, que embala as manhãs, que leva junto o calor do sol que aquece e ilumina cada novo dia….

Que é preciso sentir sempre dentro desse vento a esperança, a mesma que grita, como o som do farfalhar das folhas…

Vento que traz a boa notícia de que na vida a gente aprende com os mestres, viaja com os livros, mas só descobre o que é simples com os humildes, aqueles que não sabem o significado da palavra ego…

Assim, se a vida é curta ou longa, pouco interessa. O que importa é que ela pode ser bem mais interessante, pode valer bem mais a pena se for vivida, caminhando contra o vento, mas sentindo sempre a brisa morna que toca o coração das pessoas…

José Luiz Ricchetti – 15/07/2022

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