CRÔNICA: FORD 46 – AVENTURAS E AMIZADES ETERNAS

Compartilhe este conteúdo:

cabeca-ricchetti CRÔNICA: FORD 46 - AVENTURAS E AMIZADES ETERNAS

(Crônica criada e escrita por José Luiz Ricchetti) 

Na pacata cidade de São Manuel, onde no inverno próximo às montanhas da Cuesta o frio beija as montanhas e o verde se funde com o azul do céu, uma turma de velhos amigos encontrou nas quatro rodas de um Ford 1949 preto muito mais do que um simples carro. Era uma máquina do tempo para as aventuras eternas da adolescência.

As manhãs frias de inverno não desanimavam essa turma destemida. Ano após ano, eles se reuniam para visitar a pequena cidade e suas memórias de juventude. A visão da estação da velha Sorocabana, com vista para o vale que abriga a cidade cortada pelo rio Paraiso, dava o colorido daquele refúgio do tempo. Ter aquela paisagem da cidade novamente, depois de tantos anos, com seu jardim municipal, o coreto, o Paço Municipal, e ainda a Igreja Matriz de um lado e do outro o Santuário era um privilégio. Mas não eram as vistas que os faziam voltar, eram as lembranças.

Screenshot_20230831_213451_Gallery-1024x573 CRÔNICA: FORD 46 - AVENTURAS E AMIZADES ETERNAS

O celular vibrava, despertando o passado enquanto o sol esquentava a manhã gelada. Um bip e uma mensagem de texto os fizerem saltar da cama como nos velhos tempos. Era o sinal de que uma exposição de carros antigos, um chamado para a nostalgia que habitava seus corações.

Com gorro na cabeça e roupas de inverno, eles se lançavam nas ruas de São Manuel, uma cidade que em tudo lembrava as suas épocas de outrora. Carros antigos enfileirados, meticulosamente restaurados, contavam histórias silenciosas. Histórias de donos, estradas e amores que ecoavam em cada lataria polida.

E então, entre os brilhos cromados, ele apareceu: o Ford 1946 preto. Um senhor de cabelos brancos lustrava-o como um guardião do tempo. Como o próprio “Doc Brown”, ele parecia ter saído das telas de “De Volta para o Futuro”. Sentar-se ao volante era como girar o mostrador da máquina do tempo.

O motor roncou, e o passado os engoliu. Marty e Doc Brown não eram mais personagens de filme, eram eles mesmos. Adolescentes novamente, revivendo as histórias gravadas naquelas estradas de terra. O Fordão os levou de volta ao carnaval de 1970, reacendendo paixões e lembranças.

Amizades como as de Zezão, o gigante de coração nobre e tantas outras, engolidas pelo tempo ganharam vida novamente. O lendário Ford 46 preto era a chave para a liberdade e aventura. Com filmes de gângster e imaginação fértil, eles dominavam as estradas como Don Corleone em Chicago.

As escapadas furtivas, as cachaças no armazém, os risos compartilhados, os planos ardilosos para dar uma volta com o Fordão sem que ninguém visse… Tudo isso ecoava na memória enquanto o motor rugia.

O Fordão não era apenas um meio de transporte; era o epicentro de amizades profundas e desventuras hilariantes. Nas estradas da Água Nova, nas fazendas de veraneio, nos embalos de churrasco e cerveja, nas rodas de cacheta ele estava lá, testemunhando risadas, histórias e o toque mágico da juventude.

E então, como todas as coisas boas, a juventude se esvaiu. Zezão se foi, o Fordão envelheceu e as estradas da adolescência se transformaram em memórias preciosas. O tempo os arrastou para diferentes destinos, mas o vínculo formado nas estradas de terra e no ronco do motor nunca se desfez.

Hoje, enquanto os amigos se reúnem mais uma vez na cidade natal, o Ford 1946 preto permanece como o elo que transcendeu o tempo. Um símbolo de amizade que nunca enferruja, um convite para viajar de volta à juventude, onde as risadas eram mais altas e as aventuras eram infinitas.

E assim, enquanto a luz vermelha de alerta acende, lembrando que o tempo é passageiro, eles aceleram em direção ao futuro, levando consigo as memórias entrelaçadas nas curvas sinuosas das estradas da adolescência.

José Luiz Ricchetti – 10/08/23

CRÔNICA: FORD 46 – AVENTURAS E AMIZADES ETERNAS

Compartilhe este conteúdo:

cabeca-ricchetti CRÔNICA: FORD 46 - AVENTURAS E AMIZADES ETERNAS

(Crônica criada e escrita por José Luiz Ricchetti) 

Na pacata cidade de São Manuel, onde no inverno próximo às montanhas da Cuesta o frio beija as montanhas e o verde se funde com o azul do céu, uma turma de velhos amigos encontrou nas quatro rodas de um Ford 1949 preto muito mais do que um simples carro. Era uma máquina do tempo para as aventuras eternas da adolescência.

As manhãs frias de inverno não desanimavam essa turma destemida. Ano após ano, eles se reuniam para visitar a pequena cidade e suas memórias de juventude. A visão da estação da velha Sorocabana, com vista para o vale que abriga a cidade cortada pelo rio Paraiso, dava o colorido daquele refúgio do tempo. Ter aquela paisagem da cidade novamente, depois de tantos anos, com seu jardim municipal, o coreto, o Paço Municipal, e ainda a Igreja Matriz de um lado e do outro o Santuário era um privilégio. Mas não eram as vistas que os faziam voltar, eram as lembranças.

Screenshot_20230831_213451_Gallery-1024x573 CRÔNICA: FORD 46 - AVENTURAS E AMIZADES ETERNAS

O celular vibrava, despertando o passado enquanto o sol esquentava a manhã gelada. Um bip e uma mensagem de texto os fizerem saltar da cama como nos velhos tempos. Era o sinal de que uma exposição de carros antigos, um chamado para a nostalgia que habitava seus corações.

Com gorro na cabeça e roupas de inverno, eles se lançavam nas ruas de São Manuel, uma cidade que em tudo lembrava as suas épocas de outrora. Carros antigos enfileirados, meticulosamente restaurados, contavam histórias silenciosas. Histórias de donos, estradas e amores que ecoavam em cada lataria polida.

E então, entre os brilhos cromados, ele apareceu: o Ford 1946 preto. Um senhor de cabelos brancos lustrava-o como um guardião do tempo. Como o próprio “Doc Brown”, ele parecia ter saído das telas de “De Volta para o Futuro”. Sentar-se ao volante era como girar o mostrador da máquina do tempo.

O motor roncou, e o passado os engoliu. Marty e Doc Brown não eram mais personagens de filme, eram eles mesmos. Adolescentes novamente, revivendo as histórias gravadas naquelas estradas de terra. O Fordão os levou de volta ao carnaval de 1970, reacendendo paixões e lembranças.

Amizades como as de Zezão, o gigante de coração nobre e tantas outras, engolidas pelo tempo ganharam vida novamente. O lendário Ford 46 preto era a chave para a liberdade e aventura. Com filmes de gângster e imaginação fértil, eles dominavam as estradas como Don Corleone em Chicago.

As escapadas furtivas, as cachaças no armazém, os risos compartilhados, os planos ardilosos para dar uma volta com o Fordão sem que ninguém visse… Tudo isso ecoava na memória enquanto o motor rugia.

O Fordão não era apenas um meio de transporte; era o epicentro de amizades profundas e desventuras hilariantes. Nas estradas da Água Nova, nas fazendas de veraneio, nos embalos de churrasco e cerveja, nas rodas de cacheta ele estava lá, testemunhando risadas, histórias e o toque mágico da juventude.

E então, como todas as coisas boas, a juventude se esvaiu. Zezão se foi, o Fordão envelheceu e as estradas da adolescência se transformaram em memórias preciosas. O tempo os arrastou para diferentes destinos, mas o vínculo formado nas estradas de terra e no ronco do motor nunca se desfez.

Hoje, enquanto os amigos se reúnem mais uma vez na cidade natal, o Ford 1946 preto permanece como o elo que transcendeu o tempo. Um símbolo de amizade que nunca enferruja, um convite para viajar de volta à juventude, onde as risadas eram mais altas e as aventuras eram infinitas.

E assim, enquanto a luz vermelha de alerta acende, lembrando que o tempo é passageiro, eles aceleram em direção ao futuro, levando consigo as memórias entrelaçadas nas curvas sinuosas das estradas da adolescência.

José Luiz Ricchetti – 10/08/23

error: Reprodução parcial ou completa proibida. Auxilie o jornalismo PROFISSIONAL, compartilhe nosso link através dos botões no final da matéria!

Notícias da nossa Região