CRÔNICA: É ESTA ANITA QUE NOS DÁ ORGULHO

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Minha família, de uma certa forma, tem uma relação com os Garibaldi pois meu bisavô Ângelo Ricchetti era partidário das ideias libertárias defendidas por Giuseppe Garibaldi na Itália.

Após a condenação à morte de Garibaldi na Itália pela corte genovesa, por sua participação na fracassada insurreição de Gênova, ele foge para Marselha, depois para a Tunísia até chegar ao Rio de Janeiro.

A fuga de Garibaldi da Itália é que fez com que meu bisavô abandonasse a Itália e se decidisse pela emigração para o Brasil… Mas esta é uma outra história que fica para uma outra vez.

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O nosso tema aqui é Anita Garibaldi e para analisar a sua vida é preciso antes saber um pouco do contexto do Período Regencial (1831 a 1840) quando diversas províncias brasileiras aproveitam a falta de uma autoridade forte para se separar do Regime Imperial.

As províncias do sul, principalmente Santa Catarina e Rio Grande do Sul, empreendem a Guerra dos Farrapos e chegam a fundar, por um breve período, dois países independentes: a República Rio-Grandense e a República Juliana.

Ao mesmo tempo, na Europa, mais precisamente na península itálica, começava o processo que culminaria com a unificação da Itália. A península itálica era um mosaico de reinos, onde o Norte era ocupado pelos austríacos e os Estados Pontifícios eram defendidos pelos franceses.

Com a fuga de Garibaldi, culminando com sua chegada ao Brasil faz com que ele acabe conhecendo Maria de Jesus Ribeiro da Silva, casal que mudará o curso da história.

Maria de Jesus nasce na cidade de Laguna, Santa Catarina, em 1821, filha de um comerciante. Aos 14 anos, após a morte do pai, casa-se com um sapateiro, mas seu casamento só dura três anos, quando o marido vai se alistar nas tropas imperiais contrária a sua família, que apoiava os farroupilhas, defensores da separação do Império.

Foi assim, que a menina que desafiava os costumes teve, logo em seguida, uma paixão devastadora por Giuseppe Garibaldi, almas gêmeas tanto no amor como na ideologia.

Anos mais tarde, Garibaldi recordaria em detalhes como tinha sido o primeiro encontro entre os dois:

“Um homem que eu tinha conhecido convidou-me a tomar café em sua casa. Entramos e a primeira pessoa que me apareceu foi ela. A mãe dos meus filhos! A companheira da minha vida, nos bons e nos maus momentos! A mulher cuja coragem tantas vezes ambicionei! Ficamos ambos estáticos e silenciosos, olhando um ao outro, como se já nos conhecêssemos, como se estivéssemos em busca de uma reaproximação. Eu a saudei e lhe disse: -Tu deves ser minha!”

Estar casada com Giuseppe Garibaldi, figura importante nesse contexto, lhe conferiu rapidamente, grande prestígio e liderança em meio às tropas.

Depois, o fato de ter lutado como um soldado, ativa e bravamente e ser uma mulher, lhe conferiu a importância que tem hoje na nossa história. Sua destacada participação a coloca como heroína da Revolução Farroupilha, no Brasil e, em seguida, na luta pela unificação da Itália.

A partir desse momento, ela passa a ser conhecida como Anita Garibaldi, e junto com Giuseppe, busca a liberdade do seu povo e um lugar na história do Brasil e da Itália.

Numa época em que as mulheres não costumavam ter destaque na sociedade e na história, surge a heroína Anita Garibaldi, que junto com seu companheiro Giuseppe Garibaldi, pega em armas, combate tropas e organiza um hospital para cuidar dos feridos.

Quando os farrapos são derrotados em Santa Catarina, o casal decide ir para o Uruguai. Garibaldi e Anita se estabelecem em Montevidéu onde se casam e ficam até 1848.

Mas, Giuseppe Garibaldi nunca havia esquecido da sua terra natal, nem das lutas que ali aconteciam. Por isso, envia a mulher, já com três filhos para Nizza (hoje Nice, na França) a fim de preparar sua chegada. Elege-se deputado em Roma em 1849 e se envolve novamente na luta pela unificação da península italiana.

Anita não aceita ficar em casa e luta ao lado do marido contra os austríacos e franceses. Em 1849, as tropas de Garibaldi são derrotadas pelos franceses em Roma e Giuseppe e Anita, saem em retirada. Anita se recusa abandoná-lo e segue com ele, mesmo doente.

Anita Garibaldi morre aos 28 anos, em 1849, grávida do quinto filho. Foi sepultada sete vezes, sendo que quatro vezes por motivos políticos. Quanto a Garibaldi, ele se sai vitorioso nas guerras da unificação da Itália e passa a ser considerado um dos seus fundadores.

Anita e Giuseppe Garibaldi tiveram quatro filhos, sendo que somente três chegaram à vida adulta. Os restos mortais de Anita Garibaldi descansam hoje num monumento, inaugurado em 1932 por Benito Mussolini, em Roma.

Nos dias de hoje, Anita Garibaldi pode ser considerada um símbolo da força e do poder das mulheres. Foi ela que numa época hostil rompeu todos os padrões numa sociedade em que mulheres eram relegadas a se preocuparem unicamente com a casa e os filhos.

Até hoje, na Itália Anita é tratada como uma das heroínas que se sacrificaram para que a Itália se tornasse um país unificado e graças a suas lutas e participação nas guerras no Brasil e na Itália é que Anita Garibaldi passou a ser reconhecida como a ‘Heroína de dois mundos’.

É esta Anita que nos dá orgulho!

José Luiz Ricchetti – 06/09/2022

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Minha família, de uma certa forma, tem uma relação com os Garibaldi pois meu bisavô Ângelo Ricchetti era partidário das ideias libertárias defendidas por Giuseppe Garibaldi na Itália.

Após a condenação à morte de Garibaldi na Itália pela corte genovesa, por sua participação na fracassada insurreição de Gênova, ele foge para Marselha, depois para a Tunísia até chegar ao Rio de Janeiro.

A fuga de Garibaldi da Itália é que fez com que meu bisavô abandonasse a Itália e se decidisse pela emigração para o Brasil… Mas esta é uma outra história que fica para uma outra vez.

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O nosso tema aqui é Anita Garibaldi e para analisar a sua vida é preciso antes saber um pouco do contexto do Período Regencial (1831 a 1840) quando diversas províncias brasileiras aproveitam a falta de uma autoridade forte para se separar do Regime Imperial.

As províncias do sul, principalmente Santa Catarina e Rio Grande do Sul, empreendem a Guerra dos Farrapos e chegam a fundar, por um breve período, dois países independentes: a República Rio-Grandense e a República Juliana.

Ao mesmo tempo, na Europa, mais precisamente na península itálica, começava o processo que culminaria com a unificação da Itália. A península itálica era um mosaico de reinos, onde o Norte era ocupado pelos austríacos e os Estados Pontifícios eram defendidos pelos franceses.

Com a fuga de Garibaldi, culminando com sua chegada ao Brasil faz com que ele acabe conhecendo Maria de Jesus Ribeiro da Silva, casal que mudará o curso da história.

Maria de Jesus nasce na cidade de Laguna, Santa Catarina, em 1821, filha de um comerciante. Aos 14 anos, após a morte do pai, casa-se com um sapateiro, mas seu casamento só dura três anos, quando o marido vai se alistar nas tropas imperiais contrária a sua família, que apoiava os farroupilhas, defensores da separação do Império.

Foi assim, que a menina que desafiava os costumes teve, logo em seguida, uma paixão devastadora por Giuseppe Garibaldi, almas gêmeas tanto no amor como na ideologia.

Anos mais tarde, Garibaldi recordaria em detalhes como tinha sido o primeiro encontro entre os dois:

“Um homem que eu tinha conhecido convidou-me a tomar café em sua casa. Entramos e a primeira pessoa que me apareceu foi ela. A mãe dos meus filhos! A companheira da minha vida, nos bons e nos maus momentos! A mulher cuja coragem tantas vezes ambicionei! Ficamos ambos estáticos e silenciosos, olhando um ao outro, como se já nos conhecêssemos, como se estivéssemos em busca de uma reaproximação. Eu a saudei e lhe disse: -Tu deves ser minha!”

Estar casada com Giuseppe Garibaldi, figura importante nesse contexto, lhe conferiu rapidamente, grande prestígio e liderança em meio às tropas.

Depois, o fato de ter lutado como um soldado, ativa e bravamente e ser uma mulher, lhe conferiu a importância que tem hoje na nossa história. Sua destacada participação a coloca como heroína da Revolução Farroupilha, no Brasil e, em seguida, na luta pela unificação da Itália.

A partir desse momento, ela passa a ser conhecida como Anita Garibaldi, e junto com Giuseppe, busca a liberdade do seu povo e um lugar na história do Brasil e da Itália.

Numa época em que as mulheres não costumavam ter destaque na sociedade e na história, surge a heroína Anita Garibaldi, que junto com seu companheiro Giuseppe Garibaldi, pega em armas, combate tropas e organiza um hospital para cuidar dos feridos.

Quando os farrapos são derrotados em Santa Catarina, o casal decide ir para o Uruguai. Garibaldi e Anita se estabelecem em Montevidéu onde se casam e ficam até 1848.

Mas, Giuseppe Garibaldi nunca havia esquecido da sua terra natal, nem das lutas que ali aconteciam. Por isso, envia a mulher, já com três filhos para Nizza (hoje Nice, na França) a fim de preparar sua chegada. Elege-se deputado em Roma em 1849 e se envolve novamente na luta pela unificação da península italiana.

Anita não aceita ficar em casa e luta ao lado do marido contra os austríacos e franceses. Em 1849, as tropas de Garibaldi são derrotadas pelos franceses em Roma e Giuseppe e Anita, saem em retirada. Anita se recusa abandoná-lo e segue com ele, mesmo doente.

Anita Garibaldi morre aos 28 anos, em 1849, grávida do quinto filho. Foi sepultada sete vezes, sendo que quatro vezes por motivos políticos. Quanto a Garibaldi, ele se sai vitorioso nas guerras da unificação da Itália e passa a ser considerado um dos seus fundadores.

Anita e Giuseppe Garibaldi tiveram quatro filhos, sendo que somente três chegaram à vida adulta. Os restos mortais de Anita Garibaldi descansam hoje num monumento, inaugurado em 1932 por Benito Mussolini, em Roma.

Nos dias de hoje, Anita Garibaldi pode ser considerada um símbolo da força e do poder das mulheres. Foi ela que numa época hostil rompeu todos os padrões numa sociedade em que mulheres eram relegadas a se preocuparem unicamente com a casa e os filhos.

Até hoje, na Itália Anita é tratada como uma das heroínas que se sacrificaram para que a Itália se tornasse um país unificado e graças a suas lutas e participação nas guerras no Brasil e na Itália é que Anita Garibaldi passou a ser reconhecida como a ‘Heroína de dois mundos’.

É esta Anita que nos dá orgulho!

José Luiz Ricchetti – 06/09/2022

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