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Texto criado e escrito por José Luiz Ricchetti
Minha avó materna tinha duas vizinhas que viviam em pé de guerra.
Bastava a primeira comentar que a filha tinha viajado para o exterior, para a outra desfazer do país e do roteiro, dizendo que era um tudo horrível por lá.
Por outro lado, se a segunda mostrava uma foto das netas, a primeira dizia que as delas eram mais bonitas.
Enfim as duas vizinhas não podiam se encontrar na rua que era discussão na certa. Elas brigavam por qualquer coisa…
Como minha avó morava entre as duas, não aguentava mais ver todo santo dia uma intriga, uma discussão e não via a hora de poder apaziguar o ânimo das duas.
Como ela era mais próxima da sua vizinha da direita, que se chamava D. Joana, ela ficou insistindo até finalmente conseguir convencê-la de que deveria fazer as pazes com a D. Clara, a vizinha da esquerda.
Então, no primeiro encontro que as duas tiveram, após o grande trabalho de convencimento da minha avó, a D. Joana, humildemente disse a D. Clara:
– Minha querida Clara, já estamos nessa desavença há anos e praticamente sem um motivo que justifique. Estão proponho que façamos as pazes e vivamos como duas boas vizinhas e velhas amigas.
Dona Clara, na hora estranhou a atitude da rival, e disse que iria pensar no assunto e ficou dias matutando…
– Essa D. Joana não me engana, deve estar querendo aprontar alguma coisa e eu não vou deixar…. Vou lhe mandar um presente para ver a sua reação.
Chegando em casa, preparou uma caixa de presente, cobrindo-a com um lindo papel colorido, mas encheu-a de esterco de vaca até a boca.
Depois pensou consigo mesma: – Ah como eu gostaria de ver a cara da Joana ao receber este presente. Vamos ver se ela vai gostar! kkkk….
Então pediu a sua empregada que fosse levar o presente até a casa da rival, com um pequeno bilhete:
“Aceito sua proposta de paz e para selarmos nosso compromisso, envio-lhe esse modesto presente”.
D. Joana estranhou aquele presente, mas não respondeu…
– Que será que ela está querendo com isso? Não estamos fazendo as pazes?
Alguns dias depois D. Clara atende a porta e recebe uma linda cesta de vime de presente, embrulhada com um belo papel azul e com um grande laço de fita da mesma cor.
– Deve ser a vingança daquela asquerosa da Joana. O que será que ela está aprontando? Pensou D. Clara a vizinha da esquerda…
Qual não foi a sua surpresa ao abrir a cesta e ver um lindo arranjo das mais variadas flores do campo e um pequeno cartão com a seguinte mensagem:
“Clara, este ramalhete de flores é o que lhe ofereço em prova da minha amizade. Estas flores foram cultivadas com o esterco que você me enviou e que proporcionou um excelente adubo para o meu jardim. Afinal, cada um dá o que tem em abundância na sua vida… Joana”
………………..
É melhor não espalharmos pregos pelo caminho porque na volta podemos estar descalços….
José Luiz Ricchetti – 21/07/2022
