
Texto criado e escrito por José Luiz Ricchetti
As Gerações podem ser definidas como um grupo de indivíduos nascidos em uma mesma época, influenciados por um contexto histórico e que causam impacto à sociedade no que diz respeito à evolução. Cada geração possui características únicas que estão diretamente ligadas aos seus comportamentos, costumes e valores.

Não há um consenso exato sobre o ano em que começa e termina cada uma delas, mas uma divisão possível é que os ‘Baby Boomers’ são os nascidos entre 1946 até 1964, ‘Geração X’ os nascidos entre1965 e 1980, ‘Geração Y ou Millenials’ entre1981 e 1996, a ‘Geração Z’ entre 1997 e 2010 e por último a chamada ‘Geração Alfa’, nascida a partir de 2010.
Como pai, eu sofri a influência de dois filhos que nasceram na Geração Z e mais recentemente como pai-avô que sou e depois avô foi marcado pelas perspicácias de uma filha que nasceu em 2015, e de outras duas netas que nasceram em 2017 e 2022, todas portanto representantes da Geração Alfa.
O fato é que claramente, no caso das crianças da Geração Alfa, se percebe que a perspicácia e inteligência dessas crianças parecem estar incrível e precocemente afloradas.
Assim, como sobrevivente da geração Baby Boomer resolvi compilar algumas das pérolas que demonstram isso, seja por situações que eu próprio vivi, outras contadas por amigos e vizinhos e algumas obtidas através de relatos de outros pai ou até de sites da internet para então apresentá-las aqui para que todos vocês possam usufruir dos ensinamentos e dos momentos peculiares e engraçados proporcionados por essas crianças.
Seguem as melhores que vivi, me contaram ou encontrei:
Na semana passada fui a casa de um amigo no interior e a sua mãe, portanto avó da filha dele também estava lá passando o final de semana conosco. No sábado à noite enquanto ela se maquiava, a filha desse meu amigo, de sete anos atentamente observava.
Após a vovó passar o batom e quando se preparava para sair do banheiro, a sua neta emendou: – Hei Vovó! Você se esqueceu de dar aquele beijo de despedida no guardanapo igual a mamãe!
Com certeza, depois disso, ela jamais irá se esquecer de ao passar batom dar o tal ‘beijo de despedida no guardanapo’…
Minha neta estava comigo em casa, sentada ao meu lado no sofá e me questionou: – Quantos anos você vai fazer no mês que vem vovô? Quando eu disse que iria fazer 70 anos ela ficou pensativa, até que me perguntou: – Você começou do zero?
No último aniversário da minha filha fizemos uma festa do pijama e convidamos várias coleguinhas para dormir em casa. Depois de colocá-las todas nas suas respectivas barraquinhas armadas na sala, minha esposa, saindo do banho, vestida de roupão e touca de cabelo foi assim vestida até a sala para coibir a farra geral, gritaria e dizer que já era hora de dormir. Assim que deu uma bronca geral nas meninas e se virou para voltar ao quarto ouviu uma das coleguinhas cochichar sorrateiramente em voz baixa: – Quem era aquela? Uma alienígena?
Numa dessas noites em que a gente se deita junto da minha filha para rezar e fazê-la dormir, ela me pediu que eu lhe contasse uma historinha. Então ao invés de uma historinha resolvi falar um pouco sobre as coisas que fazia na minha infância: – Eu andava de carrinho de rolimã, tive um balanço feito de pneu, que ficava pendurado na mangueira do fundo de casa, brincava na enxurrada em dia de chuva, subia em árvores para pegar laranjas, andava de cavalo, brincava de bolinhas de gude, jogava bola na rua etc. Minha filha ficou sem palavras me ouvindo com muita atenção até que finalmente ao se ajeitar na cama para finalmente dormir ela me disse: – Pai eu deveria ter te conhecido antes…
Minha neta me visitou dia desses e de repente me disse: -Vovô, você sabe que você e Deus se parecem? Então eu perguntei: -Não sabia não! Em quê nos parecemos? E ela retrucou: -Vocês dois são velhos!
Um amigo, observando, sua filha de três anos, digitando sem parar no computador perguntou: – O que você está fazendo? Ela, sem pestanejar, respondeu -Estou escrevendo um livro! Então ele perguntou a filha: -E que livro é esse? O que você escreveu? -Não sei! Respondeu ela… -Eu não sei ler!
Minha sogra sabia que sua neta já havia aprendido a reconhecer cores, então começou a apontar para várias coisas para em seguida perguntar a cor de cada uma delas. Depois de um tempo fazendo isso e após minha filha já ter respondido a tudo corretamente, ela viu sua neta se aproximar, ficar bem a sua frente, com as mãos na cintura e dizer: -Vovó, acho que você pode reconhecer as cores sozinha! Não precisa ficar me perguntando…
Num dos meus aniversários, quando minha filha tinha quase cinco anos, ela me perguntou quantos anos eu estava fazendo. Brincando eu disse que não tinha muita certeza. Então ela me disse: – Pai é só você olhar para a etiqueta da sua camisa… na minha diz de 4 a 5 anos!
Tenho um amigo que é piloto da Latam. Quando a professora da sua filha de cinco anos perguntou, para um trabalho de escola, o que o pai fazia e se moravam em casa ou apartamento ela respondeu:
- Ah, meu pai dirige avião e a gente mora num prédio bem grande, mas meu pai mora mesmo é no aeroporto!
- Como assim seu pai mora no aeroporto? Perguntou a professora. Ele mora lá sim, porque toda vez que queremos vê-lo, a gente vai lá para buscá-lo no aeroporto e depois quando ele termina a visita a gente o devolve lá…
O filho de um amigo tinha uns 4 anos quando viajou de avião pela primeira vez. Ele ficou muito animado, fazia várias perguntas ao pai, se estava muito alto, o que tinha dentro das nuvens, o que acontecia quando o avião furava as nuvens etc. A mãe foi explicando até dizer a ele que estavam bem perto do céu… Aí ele perguntou a mãe: – Mãe a gente vai ver Deus? A mãe rapidamente retrucou o filho:
- Espero que hoje não, meu filho…
A filha, de sete anos, de uma amiga minha, estava no velório do avô e decidiu consolar a sua avó: – Não fica triste, vovó, o vovô foi para um lugar bonito.
- Eu sei filhinha, mas estou sentindo muita falta dele. Respondeu a avó.
Então a neta, mais uma vez querendo consolar, disse: – Não se preocupe vovó logo você vai se encontrar com ele…
Minha vizinha tem uma filha de 4 anos. Um dia quando ela ficou bem gripada a filha mais velha de sete anos perguntou se ela estava melhor e se precisava tomar algum remédio. Ela então respondeu para as duas filhas: – Filhas, vocês é que são o meu melhor remédio!
Em seguida, a filha de quatro anos, pediu para a mãe abrir a boca. Assim que ela abriu a boca ela cuspiu dentro e disse: – Pronto mamãe já dei seu remédio!
Quando minha filha tinha seis anos, chamei a atenção dela gritando por estar fazendo muito barulho. Ela ficou muito brava, me deu as costas e foi pro quarto, fechando a porta. Arrependido fui tentar contornar a situação. Bati na porta do quarto e esperei… De repente, percebi que ela tinha enfiado um papel por debaixo da porta. No primeiro momento, ao ver o papel escrito saindo por debaixo da porta fiquei até emocionado e pensei: -Nossa esse é o primeiro bilhetinho que recebo dela… Quando peguei o bilhete e li, estava escrito: -Para de ser chato!
Minha amiga achou que a sua filha, de seis anos, deveria ter um diário. Comprou um bem bonito na papelaria e a incentivou a escrever todos os dias. Obviamente ela lê escondido o que a filhinha escreve. Um dia desses, ela me contou que ao ler o diário encontrou a seguinte frase: ‘Nunca esquecer de odiar quem corta a minha unha!’ Em seguida minha amiga me disse: – Você sabe quem corta as unhas dela? Eu!
Quando minha filha tinha uns 4 anos a escola a levou junto com os outros alunos para entregar ovos de Páscoa aos velhinhos de um asilo, como maneira de ensinar a eles a solidariedade e o cuidado com os idosos. Quando ela voltou para casa e eu perguntei como tinha sido a visita ela me respondeu:
- Muito legal, pai. Quando você estiver mais velho vou te colocar lá!
Outro dia, sem mais, ao voltar da escola minha filha me perguntou:
- Pai, a época dos dinossauros era quando você era bebê?
O filho da minha vizinha, de cinco anos, disse a ela:
- Mãe, se você me diz sempre que quem manda na vida é Deus, por que você vive mandando em mim? O único jeito foi ela responder a ele: – É verdade filho, mas foi Deus que mandou eu mandar em você!
Minha filha e eu estávamos assistindo o programa ‘Animal Planet’, quando de repente, começa uma cena de um leão correndo atrás de uma zebra, até que consegue alcançar e, claro, a ataca. Daí eu digo:
- Filha, vamos trocar de canal! Isso é muito cruel. E ela, super séria, me responde: – Fique tranquila, pai, isso é a cadeia alimentar!
Eu estava na feira aqui do meu condomínio quando parei na barraca do pastel. Na minha frente tinha um outro pai comprando pasteis pra toda a sua prole. Eram três crianças, em escadinha variando de quatro a seis anos. Quando a moça da barraca lhe entregou o saquinho com todos os pastéis ela disse: – Coloquei mais pastel de brinde. Um dos meninos, muito atento, acho que foi o mais novo, começou então a chorar dizendo pro pai: -Eu não quero pastel de brinde! Quero de carne!
Enfim acho que poderia ficar aqui dias e dias contando mais mil dessas pérolas engraçadas e pitorescas sobre essas crianças, mas acho melhor terminar por aqui com uma linda frase do grande poeta Fernando Pessoa:
“Grande é a poesia, a bondade e as danças. Mas o melhor que há no mundo são as crianças”.
José Luiz Ricchetti – 22/09/2022