Poema criado e escrito por José Luiz Ricchetti
Oh menina gentil e doce, cabelos pretos, pele morena
Não me esqueço de quando a vi pela primeira vez
Na mesma rua, triste, sentada na sarjeta, frágil, pequena
Ouvia as cantigas de roda das nossas vizinhas? Talvez…
Que alma triste, que sorriso escondido é esse? Me pus a pensar
Me sentei no meio fio, ao seu lado com a mente aberta
Onde está o sorriso que esta doce menina pode nos dar?
Então um moleque da mesma rua, vem logo me dar um alerta
Talvez ela esteja triste porque não pode sequer gritar
Mas percebo algo do canto dos seus lábios, digo como resposta incerta
Creio que são pequenos sons de quem quer pelo menos cantarolar
O mesmo menino vem de novo e me cochicha com sua palavra certa
Ela não pode, coitada, não tem cordas vocais, desde o seu primeiro raiar
Então, eu mais atento, percebo espantado o quanto aquela alma é desperta
Não pode cantar, mas ouve tudo, sorri com seus olhos e até me faz suspirar
Agora percebo a força dessa pequena alma inquieta e o meu coração se aperta
Do silêncio mais profundo do seu espírito doce, ela parece querer me avisar
Não sofro qualquer dor, por não emitir um som ou uma palavra certa
Mas sei que tenho todos os sorrisos do mundo dentro da minha alma que podem fazer você me amar
José Luiz Ricchetti – 09/09/2022