Crônica: Meus 70 anos

Compartilhe este conteúdo:

cabeca-ricchetti Crônica: Meus 70 anos

Hoje 8 de outubro completo meus 70 anos de idade!

Já faz muito tempo que passei a não levar muito a sério as eventuais agruras e tempestades que a vida sempre nos presenteia. Nem tampouco os furacões e terremotos que fatalmente surgem pela nossa frente, às vezes, aparecendo do nada…

Descobri com o tempo, que basta ficar firme no seu lugar, fincar bem as raízes, que tudo passa e se renova, mesmo naqueles momentos em que pensamos que o melhor seria não estar ali. Como diz a música dos Beatles: Let it be! – Deixe estar.

image-8 Crônica: Meus 70 anos

Nessas horas também me lembro do lema, em italiano, que meu bisavô sempre dizia: ‘Quando le radici sono profonde non c’è motivo di temere il vento’, ou seja, ‘Quando as raízes são profundas não há razão para se temer o vento.’

Ao longo desses anos, percebi que morre pouco a pouco todo aquele que se deixa envolver só por velhos hábitos, aquele que não percebe a grandeza das pequenas coisas, todo aquele que não se emociona e não percebe o valor da simplicidade….

Percebi também que morre dia a dia aquele que já não sente as maravilhas da natureza, aquele que já não se arrepia com o recital de sabiás, aquele que foge do vento, aquele que não surfa nas ondas revoltas do mar, aquele que não nada contra a maré, aquele que não enxerga o esplendor do pôr do sol ou aquela luz prata da lua que reflete nas águas de um rio….

Como é engraçado…

Um dia a gente acorda e percebe que o tempo passou rápido demais, afinal são 70 anos, mais de 25 mil dias ou então mais de 600 mil horas….

Apesar desses números, hoje vejo com clareza como aquele mundo de necessidades materiais já desmoronou faz tempo e ficou bem para trás…

Hoje me sinto leve, como aquele sujeito que resolve viajar só com o passaporte, sem precisar levar nada, a não ser a roupagem da alma.

Me sinto mais forte pelos erros e acertos, pelos amores e dores, pelas lágrimas e sorrisos, por ter combatido o bom combate, mas principalmente por todas aquelas batalhas perdidas, porque são elas que me ensinaram muito mais…

Como é bom olhar para trás e perceber o rastro deixado, mesmo que de um singelo legado, do exemplo dado, das lições aprendidas nos momentos em que errei, pois, hoje percebo, como nunca, que os pequenos erros, sempre nos ensinam muito mais do que qualquer grande vitória.

Amei e amo a todos, pais, tios e tias, irmãos, esposa, filhos, netos e amigos e vejo claramente, do alto dos meus cabelos brancos e das 70 primaveras que tudo isso só foi possível, porque um dia percebi que era necessário antes de tudo aprender a amar a mim mesmo.

Hoje vejo que não teve a menor graça os tempos em que queria carregar o mundo nas minhas costas. Tempos em que privilegiei muito mais o trabalho do que a família e o lazer.

Agora, neste exato momento, me sinto leve e descompromissado e aceito com naturalidade meus passos lentos e minhas dores nas costas, porque tenho a plena consciência de que com o tempo a gente passa a carregar, de uma só vez, tanto a criança, como o jovem e o experiente adulto, que juntos habitam a nossa própria história.

Durante todo esse tempo de aprendizado da vida passei a não esquecer o quão importante se manter bem longe de pessoas negativas, tipo aqueles que não nos valorizam ou então daquelas que só pensam em demonstrar no grito o quão são infantis e imaturas.

Talvez essas pessoas negativas não saibam o mal que fazem e tampouco conhecem o meu valor, mas o que realmente me importa, nessa fase da vida é saber o quanto sou consciente e qual é o meu valor.

Não negocio mais preços com aqueles a quem reconheço o esforço e o trabalho pois percebi ao longo dos anos que alguns centavos a menos não irão mexer com o meu bolso, mas eles poderão ajudar a esse trabalhador a pagar os livros dos seus filhos.

Não corto mais o assunto de pessoas, quando percebo que elas começam a repetir suas histórias, pois aprendi que isso as faz exercitar a memória e a reviver um passado que só lhes faz bem. 

Descobri que estar em paz comigo mesmo é muito mais gratificante do que ter razão. Por isso não corrijo mais as pessoas, mesmo quando vejo que estão erradas pois não me sinto mais responsável por tentar torná-las pessoas melhores.

Continuo distribuindo elogios, do mesmo modo que continuo a dar o meu bom dia, mesmo àqueles que me ignoram e não me respondem. Acredito que estes gestos talvez não os ajudem a melhorar o mau humor, mas pelo menos faz com que eu me sinta bem.

Aprendi que é melhor deixar o ego de lado do que perder amigos.  O nosso ego nos isola de tudo e de todos, mas se temos amigos jamais ficaremos sozinhos.

Não me incomodo mais com aquele molho de macarrão que cai sobre a camisa pois hoje dou muito mais valor à minha personalidade do que a minha própria aparência.

Não tenho vergonha de chorar em público, porque isso só mostra que eu não perdi meu lado humano, num mundo onde a maioria das pessoas parecem ter perdido tudo, até o coração.

Hoje tenho a certeza de que sou o único responsável pela minha felicidade e que as opiniões alheias deixaram de ter importância há muito e muito tempo.

Aprendi a viver cada dia como se fosse o último. Afinal porque pode mesmo ser o último! Não podemos nos esquecer daquele ditado que diz “Para morrer basta estar vivo!”.

Mas depois de tudo isso, se alguém me pedisse um conselho sobre o que melhor aprendi nesses meus bem vividos 70 anos, eu diria simplesmente:

O que mais importa nesta vida é ser grato, distribuir amor e alimentar a nossa paz interior e o crescimento espiritual.

Viver a vida sem medo e jamais se esquecer a maior de todas as lições que é continuar esta jornada terrena fazendo tudo com amor e alegria no coração!

Por tudo isso é que sou grato a todos vocês que me acompanharam e me acompanham nesta jornada, seja nesta ou em outra dimensão. Sem vocês estes meus 70 anos não teriam a menor graça. Vamos em frente!

José Luiz Ricchetti – 08/10/2022

Crônica: Meus 70 anos

Compartilhe este conteúdo:

cabeca-ricchetti Crônica: Meus 70 anos

Hoje 8 de outubro completo meus 70 anos de idade!

Já faz muito tempo que passei a não levar muito a sério as eventuais agruras e tempestades que a vida sempre nos presenteia. Nem tampouco os furacões e terremotos que fatalmente surgem pela nossa frente, às vezes, aparecendo do nada…

Descobri com o tempo, que basta ficar firme no seu lugar, fincar bem as raízes, que tudo passa e se renova, mesmo naqueles momentos em que pensamos que o melhor seria não estar ali. Como diz a música dos Beatles: Let it be! – Deixe estar.

image-8 Crônica: Meus 70 anos

Nessas horas também me lembro do lema, em italiano, que meu bisavô sempre dizia: ‘Quando le radici sono profonde non c’è motivo di temere il vento’, ou seja, ‘Quando as raízes são profundas não há razão para se temer o vento.’

Ao longo desses anos, percebi que morre pouco a pouco todo aquele que se deixa envolver só por velhos hábitos, aquele que não percebe a grandeza das pequenas coisas, todo aquele que não se emociona e não percebe o valor da simplicidade….

Percebi também que morre dia a dia aquele que já não sente as maravilhas da natureza, aquele que já não se arrepia com o recital de sabiás, aquele que foge do vento, aquele que não surfa nas ondas revoltas do mar, aquele que não nada contra a maré, aquele que não enxerga o esplendor do pôr do sol ou aquela luz prata da lua que reflete nas águas de um rio….

Como é engraçado…

Um dia a gente acorda e percebe que o tempo passou rápido demais, afinal são 70 anos, mais de 25 mil dias ou então mais de 600 mil horas….

Apesar desses números, hoje vejo com clareza como aquele mundo de necessidades materiais já desmoronou faz tempo e ficou bem para trás…

Hoje me sinto leve, como aquele sujeito que resolve viajar só com o passaporte, sem precisar levar nada, a não ser a roupagem da alma.

Me sinto mais forte pelos erros e acertos, pelos amores e dores, pelas lágrimas e sorrisos, por ter combatido o bom combate, mas principalmente por todas aquelas batalhas perdidas, porque são elas que me ensinaram muito mais…

Como é bom olhar para trás e perceber o rastro deixado, mesmo que de um singelo legado, do exemplo dado, das lições aprendidas nos momentos em que errei, pois, hoje percebo, como nunca, que os pequenos erros, sempre nos ensinam muito mais do que qualquer grande vitória.

Amei e amo a todos, pais, tios e tias, irmãos, esposa, filhos, netos e amigos e vejo claramente, do alto dos meus cabelos brancos e das 70 primaveras que tudo isso só foi possível, porque um dia percebi que era necessário antes de tudo aprender a amar a mim mesmo.

Hoje vejo que não teve a menor graça os tempos em que queria carregar o mundo nas minhas costas. Tempos em que privilegiei muito mais o trabalho do que a família e o lazer.

Agora, neste exato momento, me sinto leve e descompromissado e aceito com naturalidade meus passos lentos e minhas dores nas costas, porque tenho a plena consciência de que com o tempo a gente passa a carregar, de uma só vez, tanto a criança, como o jovem e o experiente adulto, que juntos habitam a nossa própria história.

Durante todo esse tempo de aprendizado da vida passei a não esquecer o quão importante se manter bem longe de pessoas negativas, tipo aqueles que não nos valorizam ou então daquelas que só pensam em demonstrar no grito o quão são infantis e imaturas.

Talvez essas pessoas negativas não saibam o mal que fazem e tampouco conhecem o meu valor, mas o que realmente me importa, nessa fase da vida é saber o quanto sou consciente e qual é o meu valor.

Não negocio mais preços com aqueles a quem reconheço o esforço e o trabalho pois percebi ao longo dos anos que alguns centavos a menos não irão mexer com o meu bolso, mas eles poderão ajudar a esse trabalhador a pagar os livros dos seus filhos.

Não corto mais o assunto de pessoas, quando percebo que elas começam a repetir suas histórias, pois aprendi que isso as faz exercitar a memória e a reviver um passado que só lhes faz bem. 

Descobri que estar em paz comigo mesmo é muito mais gratificante do que ter razão. Por isso não corrijo mais as pessoas, mesmo quando vejo que estão erradas pois não me sinto mais responsável por tentar torná-las pessoas melhores.

Continuo distribuindo elogios, do mesmo modo que continuo a dar o meu bom dia, mesmo àqueles que me ignoram e não me respondem. Acredito que estes gestos talvez não os ajudem a melhorar o mau humor, mas pelo menos faz com que eu me sinta bem.

Aprendi que é melhor deixar o ego de lado do que perder amigos.  O nosso ego nos isola de tudo e de todos, mas se temos amigos jamais ficaremos sozinhos.

Não me incomodo mais com aquele molho de macarrão que cai sobre a camisa pois hoje dou muito mais valor à minha personalidade do que a minha própria aparência.

Não tenho vergonha de chorar em público, porque isso só mostra que eu não perdi meu lado humano, num mundo onde a maioria das pessoas parecem ter perdido tudo, até o coração.

Hoje tenho a certeza de que sou o único responsável pela minha felicidade e que as opiniões alheias deixaram de ter importância há muito e muito tempo.

Aprendi a viver cada dia como se fosse o último. Afinal porque pode mesmo ser o último! Não podemos nos esquecer daquele ditado que diz “Para morrer basta estar vivo!”.

Mas depois de tudo isso, se alguém me pedisse um conselho sobre o que melhor aprendi nesses meus bem vividos 70 anos, eu diria simplesmente:

O que mais importa nesta vida é ser grato, distribuir amor e alimentar a nossa paz interior e o crescimento espiritual.

Viver a vida sem medo e jamais se esquecer a maior de todas as lições que é continuar esta jornada terrena fazendo tudo com amor e alegria no coração!

Por tudo isso é que sou grato a todos vocês que me acompanharam e me acompanham nesta jornada, seja nesta ou em outra dimensão. Sem vocês estes meus 70 anos não teriam a menor graça. Vamos em frente!

José Luiz Ricchetti – 08/10/2022

error: Reprodução parcial ou completa proibida. Auxilie o jornalismo PROFISSIONAL, compartilhe nosso link através dos botões no final da matéria!

Notícias da nossa Região