A alegria em ser criança

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image_editor_output_image443892646-1649755277986 A alegria em ser criança

Minha segunda neta, a Nina, nasceu agora no dia 24 de janeiro último.

Além da emoção natural de um avô, ao receber a notícia de mais esse novo pacotinho de amor, um outro pacote, agora de preocupações, em relação a este mundo, de pernas para o ar, que ela precisará enfrentar, inundou meus pensamentos.



Vendo suas primeiras fotos foi inevitável vir à tona as lembranças dos tempos de infância, quando vivia minha inocência natural, sem nenhuma experiência e sem ser, ainda, dono do meu próprio nariz.

Nesse período da primeira infância todos nós sabemos que somos 100% dependentes dos nossos pais e que não decidimos sobre nada que aconteça ou possa acontecer na nossa vida.

O grande escritor português José Saramago nos disse certa vez algo assim: “Quando eu partir deste mundo, partirão duas pessoas. Sairei daqui, de mãos dadas, com a criança que fui.”

Na infância, nascemos com aquela inocência, que pouco a pouco o mundo vai nos roubando, em nome da necessidade de vivermos experiências, acontecimentos e relacionamentos que aos poucos, vão lapidando nossa alma e o nosso ser, sempre na tentativa de sermos alguém melhor.

Feliz daquele que consegue guardar todas essas boas e simples características da infância, na sua caixinha de saber, dentro da memória e que aprende a tirar de lá, sempre que preciso, o melhor de cada uma delas durante a vida.

O fato é que esta vida aqui nesta terra, vai nos levando, principalmente nestes dias turbulentos, de tal forma, que não temos mais tempo nem a menor chance de capturar de dentro da nossa alma esse lado bom, feliz e ingênuo de quando éramos crianças.

Não conseguimos mais vivenciar aquela inocência, aquela pureza de sentimentos, a visão de uma criança que não consegue ver maldade em nada do que ocorre durante a vida.

Quando nos lembramos da infância, invariavelmente, nos vêm à mente o esforço de um pai, o amor e doçura de uma mãe, a fidelidade dos amigos, a paciência dos professores, a alegria do primeiro diploma e tantas outras coisas simples e gostosas…

É nessas horas que vemos o quanto as crianças sabem, muito mais que qualquer adulto, que as coisas que têm valor não têm um preço material e o que tem valor está concentrado naquelas coisas simples e nos sentimentos verdadeiros da nossa infância.

Se somos meninos, as recordações vêm embutidas nas brincadeiras e simplicidades da bolinha de gude, do jogo de botão, no empinar pipas, no pedalar da bicicleta, no futebol de rua, nos banhos de chuva, nos jogos de tacos e tantas outras.

Se somos meninas, as recordações vêm embutidas no brincar de bonecas, de peteca, de amarelinha, de cobra cega, mas, também nos passeios de bicicleta, ne apertar de campainhas dos vizinhos e na brincadeira esconde-esconde etc.

Tudo isso junto, e bem misturado, faz com que pouco a pouco, à medida que crescemos, a gente deixe tudo esquecido lá dentro do nosso coração e da nossa alma, exatamente porque as agruras deste nosso mundo não nos deixam mais lembrar de nenhuma delas.

O mundo de hoje nos cobra muito, todos dias, para que deixemos todas essas boas lembranças e sentimentos encobertos pela poeira, como aquele vaso velho esquecido no fundo do porão quando achamos que já está fora de moda e não tem mais serventia.

O tempo passa e à medida que nos tornamos adultos e mais maduros, voltamos a nos lembrar de todos os vasos velhos, cheio das boas lembranças, das nossas ingenuidades, de purezas, de todas essas coisas boas, esquecidas naquele canto do porão da nossa alma.

Então é hora de começarmos a retirar cada um desses vasos empoeirados de lá, limpá-los bem e trazê-lo de volta ao centro da nossa mesa, enchê-lo de flores de todas as cores das coisas boas, que colhemos ao longo desses anos todos, no jardim da nossa vida.

É hora do retorno à nossa versão mais pura, mais humana, mais amorosa e solidária, a nossa versão criança, pois afinal o retorno à simplicidade de uma criança é a melhor maneira de encontrarmos o verdadeiro amor e a verdadeira felicidade.

Ao resgatar a frase de Saramago, é hora de buscarmos o nosso lado criança para que, ao entrarmos pela porta da outra dimensão, tenhamos a certeza de que estaremos de mãos dadas, com a criança que fomos.


José Luiz Ricchetti – 04/02/2022

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A alegria em ser criança

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Minha segunda neta, a Nina, nasceu agora no dia 24 de janeiro último.

Além da emoção natural de um avô, ao receber a notícia de mais esse novo pacotinho de amor, um outro pacote, agora de preocupações, em relação a este mundo, de pernas para o ar, que ela precisará enfrentar, inundou meus pensamentos.



Vendo suas primeiras fotos foi inevitável vir à tona as lembranças dos tempos de infância, quando vivia minha inocência natural, sem nenhuma experiência e sem ser, ainda, dono do meu próprio nariz.

Nesse período da primeira infância todos nós sabemos que somos 100% dependentes dos nossos pais e que não decidimos sobre nada que aconteça ou possa acontecer na nossa vida.

O grande escritor português José Saramago nos disse certa vez algo assim: “Quando eu partir deste mundo, partirão duas pessoas. Sairei daqui, de mãos dadas, com a criança que fui.”

Na infância, nascemos com aquela inocência, que pouco a pouco o mundo vai nos roubando, em nome da necessidade de vivermos experiências, acontecimentos e relacionamentos que aos poucos, vão lapidando nossa alma e o nosso ser, sempre na tentativa de sermos alguém melhor.

Feliz daquele que consegue guardar todas essas boas e simples características da infância, na sua caixinha de saber, dentro da memória e que aprende a tirar de lá, sempre que preciso, o melhor de cada uma delas durante a vida.

O fato é que esta vida aqui nesta terra, vai nos levando, principalmente nestes dias turbulentos, de tal forma, que não temos mais tempo nem a menor chance de capturar de dentro da nossa alma esse lado bom, feliz e ingênuo de quando éramos crianças.

Não conseguimos mais vivenciar aquela inocência, aquela pureza de sentimentos, a visão de uma criança que não consegue ver maldade em nada do que ocorre durante a vida.

Quando nos lembramos da infância, invariavelmente, nos vêm à mente o esforço de um pai, o amor e doçura de uma mãe, a fidelidade dos amigos, a paciência dos professores, a alegria do primeiro diploma e tantas outras coisas simples e gostosas…

É nessas horas que vemos o quanto as crianças sabem, muito mais que qualquer adulto, que as coisas que têm valor não têm um preço material e o que tem valor está concentrado naquelas coisas simples e nos sentimentos verdadeiros da nossa infância.

Se somos meninos, as recordações vêm embutidas nas brincadeiras e simplicidades da bolinha de gude, do jogo de botão, no empinar pipas, no pedalar da bicicleta, no futebol de rua, nos banhos de chuva, nos jogos de tacos e tantas outras.

Se somos meninas, as recordações vêm embutidas no brincar de bonecas, de peteca, de amarelinha, de cobra cega, mas, também nos passeios de bicicleta, ne apertar de campainhas dos vizinhos e na brincadeira esconde-esconde etc.

Tudo isso junto, e bem misturado, faz com que pouco a pouco, à medida que crescemos, a gente deixe tudo esquecido lá dentro do nosso coração e da nossa alma, exatamente porque as agruras deste nosso mundo não nos deixam mais lembrar de nenhuma delas.

O mundo de hoje nos cobra muito, todos dias, para que deixemos todas essas boas lembranças e sentimentos encobertos pela poeira, como aquele vaso velho esquecido no fundo do porão quando achamos que já está fora de moda e não tem mais serventia.

O tempo passa e à medida que nos tornamos adultos e mais maduros, voltamos a nos lembrar de todos os vasos velhos, cheio das boas lembranças, das nossas ingenuidades, de purezas, de todas essas coisas boas, esquecidas naquele canto do porão da nossa alma.

Então é hora de começarmos a retirar cada um desses vasos empoeirados de lá, limpá-los bem e trazê-lo de volta ao centro da nossa mesa, enchê-lo de flores de todas as cores das coisas boas, que colhemos ao longo desses anos todos, no jardim da nossa vida.

É hora do retorno à nossa versão mais pura, mais humana, mais amorosa e solidária, a nossa versão criança, pois afinal o retorno à simplicidade de uma criança é a melhor maneira de encontrarmos o verdadeiro amor e a verdadeira felicidade.

Ao resgatar a frase de Saramago, é hora de buscarmos o nosso lado criança para que, ao entrarmos pela porta da outra dimensão, tenhamos a certeza de que estaremos de mãos dadas, com a criança que fomos.


José Luiz Ricchetti – 04/02/2022

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