Não somos como nossos pais

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cabeca-ricchetti Não somos como nossos pais

Hoje me encontrei na rua, por coincidência, com o neto de um casal de idosos que morara no meu prédio, na época em que residi no Bairro da Saúde, aqui mesmo em São Paulo.

Entre outras coisas contei a ele sobre uma passagem curiosa que, certo dia, ocorreu comigo, ao cruzar com seus avós, no elevador.

89.1-Nao-somos-mais-como-nossos-pais-1024x683 Não somos como nossos pais

Na época eu devia ter uns quarenta anos e assim que entrei no elevador me deparei com aquele simpático casal todo animado e com alguns livros de inglês debaixo do braço.

Estranhei, que os dois, já na casa de mais de 80 anos, estivessem com vários livros de inglês nas mãos. Então eu perguntei:

Estão levando os livros de inglês para os netos?

– Não! Nós é que estamos fazendo inglês! Me respondeu orgulhoso o vovô.

– Você não viu que abriu uma franquia da Cultura Inglesa aqui do lado?

– Nunca é tarde para começar algo meu filho! 

– Que máximo respondi, com meu sorriso amarelo, pela ‘bola fora’

Este fato ficou bem gravado na minha memória, até porque para aquela época aquele casal de idosos era bem avançado.

Assim, toda vez que alguém faz algum comentário parecido com este meu ao vovô, na época, ou percebo que alguém está me prejulgando como velho e incapaz, eu logo conto esta historinha e já vou logo dizendo:

– Meu caro, cada um é o que pensa! Nunca é tarde para começar algo novo nesta vida!

Hoje, se observarmos bem, vemos milhares de pessoas acima dos 60 anos que trabalham, praticam esportes, viajam, vão a festas e jantares, sem qualquer preocupação com a idade. Eles vivem e adoram a vida.

Por outro lado, quando, me lembro de muitos colegas e amigos meus, da época em que ainda tínhamos menos de 30 anos, percebo que muitos deles, apesar de novos, já eram velhos, exatamente porque pensavam como velhos.

A verdade é que nos dias atuais surgiu uma nova faixa social, que nunca existiu antes, de pessoas entre sessenta e oitenta anos que amam a vida e buscam curti-la independentemente da sua idade.

É a geração que expulsou do vocabulário o verbo envelhecer, porque simplesmente não pensa na mínima possibilidade de se tornar velho depois dos 50 anos como o eram, a geração dos seus pais.

É uma nova geração de homens e mulheres independentes e que muitos ainda trabalham e nem pensam em se aposentar enquanto aqueles que se aposentaram, não tendo mais uma atividade obrigatória, encontraram uma atividade diferente para ganhar a vida ou então para transformá-la em um gostoso hobby.

É a geração que continua a se sentir e a ser extremamente útil para a sociedade.

São pessoas que procuram desfrutar do seu tempo livre, sem qualquer medo de não ter o que fazer ou de se sentirem sós.

São indivíduos que buscam fazer uma atividade e sentem que a cada dia crescem internamente, são úteis e não mais um peso para a sociedade.

Elas curtem o tempo livre, depois ter trabalhado por anos a fio e criado seus filhos. Hoje eles vêm que vale a pena viver, admirar o nascer e o pôr do sol, contemplar o céu, o mar e as estrelas.

São pessoas que não estacionaram no tempo, que dirigem e viajam com seu carro, operam computadores, notebooks, tabletes e smart phones. Mandam mensagens de voz e fotos pelo whatsapp, publicam no instagram e até no tik tok. Fazem ginástica, frequentam academias, praticam esportes.

Esses indivíduos com mais de 60 anos, não podem mais serem chamados de velhos ou idosos, eles são de uma nova geração que ainda não tem um nome tipificado.

Talvez o mais adequado possa ser “Geração Xmais”, nome que uma consultoria recém fundada, batizou a própria empresa e cujas cinco gestoras,  têm, na maioria absoluta, mais de 65 anos!

Como elas mesmo dizem no seu manifesto:

A geração XMAIS é uma geração que teve o privilégio de vivenciar todas as revoluções, transformações e rupturas profundas na sociedade pós segunda guerra, quer sejam na industriais, tecnológicas, sociais ou comportamentais.

A geração que hoje tem o privilégio de ter recebido o bônus da longevidade e agora são desafiadas a construir identidades para esta geração que está no vácuo entre o idoso de ontem e o de hoje.

Chamamos de Geração XMAIS, porque reúne os Baby Boomers, nascidos após a Segunda Guerra Mundial, e a Geração X, nascida entre as décadas de 60 e 70.

Somos a Geração Xmais para romper com estereótipos do idoso e buscar propósitos na revolução da longevidade

Somos a Geração Xmais, sonhamos levantar novas bandeiras, reinventando relações, fortalecendo autonomia, revendo papéis na sociedade, renomeando prioridades e, juntos, nos qualificando para um novo envelhecer

Desejamos realizar conquistas a partir de ações compartilhadas e contribuições individuais de conhecimentos, sonhos, desejos, ideias e sentimentos, abrindo espaço para a criação de uma forma coletiva de viver

Queremos criar condições para o surgimento de uma geração consciente de suas possibilidades, voltando a se afirmar como protagonistas sociais com novas narrativas e projetos de vida”

Por isso, usando a licença poética, preciso terminar esta crônica reescrevendo a letra da linda música de Belquior “Como nossos pais” que hoje com a geração Xmais se tornou absolutamente obsoleta:

…….

Minha “alegria” é perceber

Que “por” termos feito tudo, tudo o que fizemos

“Não” somos os mesmos, “mas” vivemos

“Não” somos os mesmos, “mas” vivemos

“Não” somos os mesmos, e “não” vivemos “mais”

como nossos pais!

José Luiz Ricchetti – 17/05/2021

Não somos como nossos pais

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Hoje me encontrei na rua, por coincidência, com o neto de um casal de idosos que morara no meu prédio, na época em que residi no Bairro da Saúde, aqui mesmo em São Paulo.

Entre outras coisas contei a ele sobre uma passagem curiosa que, certo dia, ocorreu comigo, ao cruzar com seus avós, no elevador.

89.1-Nao-somos-mais-como-nossos-pais-1024x683 Não somos como nossos pais

Na época eu devia ter uns quarenta anos e assim que entrei no elevador me deparei com aquele simpático casal todo animado e com alguns livros de inglês debaixo do braço.

Estranhei, que os dois, já na casa de mais de 80 anos, estivessem com vários livros de inglês nas mãos. Então eu perguntei:

Estão levando os livros de inglês para os netos?

– Não! Nós é que estamos fazendo inglês! Me respondeu orgulhoso o vovô.

– Você não viu que abriu uma franquia da Cultura Inglesa aqui do lado?

– Nunca é tarde para começar algo meu filho! 

– Que máximo respondi, com meu sorriso amarelo, pela ‘bola fora’

Este fato ficou bem gravado na minha memória, até porque para aquela época aquele casal de idosos era bem avançado.

Assim, toda vez que alguém faz algum comentário parecido com este meu ao vovô, na época, ou percebo que alguém está me prejulgando como velho e incapaz, eu logo conto esta historinha e já vou logo dizendo:

– Meu caro, cada um é o que pensa! Nunca é tarde para começar algo novo nesta vida!

Hoje, se observarmos bem, vemos milhares de pessoas acima dos 60 anos que trabalham, praticam esportes, viajam, vão a festas e jantares, sem qualquer preocupação com a idade. Eles vivem e adoram a vida.

Por outro lado, quando, me lembro de muitos colegas e amigos meus, da época em que ainda tínhamos menos de 30 anos, percebo que muitos deles, apesar de novos, já eram velhos, exatamente porque pensavam como velhos.

A verdade é que nos dias atuais surgiu uma nova faixa social, que nunca existiu antes, de pessoas entre sessenta e oitenta anos que amam a vida e buscam curti-la independentemente da sua idade.

É a geração que expulsou do vocabulário o verbo envelhecer, porque simplesmente não pensa na mínima possibilidade de se tornar velho depois dos 50 anos como o eram, a geração dos seus pais.

É uma nova geração de homens e mulheres independentes e que muitos ainda trabalham e nem pensam em se aposentar enquanto aqueles que se aposentaram, não tendo mais uma atividade obrigatória, encontraram uma atividade diferente para ganhar a vida ou então para transformá-la em um gostoso hobby.

É a geração que continua a se sentir e a ser extremamente útil para a sociedade.

São pessoas que procuram desfrutar do seu tempo livre, sem qualquer medo de não ter o que fazer ou de se sentirem sós.

São indivíduos que buscam fazer uma atividade e sentem que a cada dia crescem internamente, são úteis e não mais um peso para a sociedade.

Elas curtem o tempo livre, depois ter trabalhado por anos a fio e criado seus filhos. Hoje eles vêm que vale a pena viver, admirar o nascer e o pôr do sol, contemplar o céu, o mar e as estrelas.

São pessoas que não estacionaram no tempo, que dirigem e viajam com seu carro, operam computadores, notebooks, tabletes e smart phones. Mandam mensagens de voz e fotos pelo whatsapp, publicam no instagram e até no tik tok. Fazem ginástica, frequentam academias, praticam esportes.

Esses indivíduos com mais de 60 anos, não podem mais serem chamados de velhos ou idosos, eles são de uma nova geração que ainda não tem um nome tipificado.

Talvez o mais adequado possa ser “Geração Xmais”, nome que uma consultoria recém fundada, batizou a própria empresa e cujas cinco gestoras,  têm, na maioria absoluta, mais de 65 anos!

Como elas mesmo dizem no seu manifesto:

A geração XMAIS é uma geração que teve o privilégio de vivenciar todas as revoluções, transformações e rupturas profundas na sociedade pós segunda guerra, quer sejam na industriais, tecnológicas, sociais ou comportamentais.

A geração que hoje tem o privilégio de ter recebido o bônus da longevidade e agora são desafiadas a construir identidades para esta geração que está no vácuo entre o idoso de ontem e o de hoje.

Chamamos de Geração XMAIS, porque reúne os Baby Boomers, nascidos após a Segunda Guerra Mundial, e a Geração X, nascida entre as décadas de 60 e 70.

Somos a Geração Xmais para romper com estereótipos do idoso e buscar propósitos na revolução da longevidade

Somos a Geração Xmais, sonhamos levantar novas bandeiras, reinventando relações, fortalecendo autonomia, revendo papéis na sociedade, renomeando prioridades e, juntos, nos qualificando para um novo envelhecer

Desejamos realizar conquistas a partir de ações compartilhadas e contribuições individuais de conhecimentos, sonhos, desejos, ideias e sentimentos, abrindo espaço para a criação de uma forma coletiva de viver

Queremos criar condições para o surgimento de uma geração consciente de suas possibilidades, voltando a se afirmar como protagonistas sociais com novas narrativas e projetos de vida”

Por isso, usando a licença poética, preciso terminar esta crônica reescrevendo a letra da linda música de Belquior “Como nossos pais” que hoje com a geração Xmais se tornou absolutamente obsoleta:

…….

Minha “alegria” é perceber

Que “por” termos feito tudo, tudo o que fizemos

“Não” somos os mesmos, “mas” vivemos

“Não” somos os mesmos, “mas” vivemos

“Não” somos os mesmos, e “não” vivemos “mais”

como nossos pais!

José Luiz Ricchetti – 17/05/2021

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