Quantas vezes, nós que já passamos dos cinquenta somos chamados de teimosos, principalmente pela nova geração.
Tenho notado que os jovens de hoje em dia, de modo geral não conseguem analisar os fatos baseados considerando o contexto em que estão ou estavam inseridos.
Eles, simplesmente tem uma posição sobre determinado assunto, normalmente baseado em um artigo de um ‘digital influencer’ ou de algum desses sites de notícias ou então ditados por ideias ou dogmas propagados pelas grandes corporações ou megainvestidores para moldar os indivíduos em prol do seu lucro.
O fato é que os jovens, hoje, assumem tudo aquilo como verdade absoluta e não admitem contestação.
Se você contesta e é mais velho então, é logo, discriminado e enquadrado como ‘dinossauro’ ou ‘que aquele não entende o mundo dos jovens’.
Esquecem eles, que fomos educados de modo diferente, numa época diferente, mas onde o respeito e a educação vinham em primeiro lugar.
Incrível como não respeitam o seu ponto de vista e ainda dizem que nós é que somos discriminadores de pessoas e situações. Nós é que não entendemos as suas novas ideias e conceitos!
Não percebem que ao agirem assim estão exatamente sendo discriminadores, cuja bandeira tanto defendem e levantam em qualquer ocasião.
Acredito que nos dias de hoje o fato de se defender uma ideia, uma escolha não quer dizer que somos escravos dela e que não temos a capacidade de discutir sobre elas e se for o caso mudarmos de opinião.
Por outro lado, não se pode esquecer que pontos de vista e opiniões são forjadas dentro de um contexto, dentro de um clima social e político vivido à época e que todos eles reunidos é que passam a ter o seu valor intrínseco e substancial na formação das novas gerações.
Nada nasce ao acaso, tudo vem de uma origem e é transformado em novos pensamentos, mais evoluídos ou não, mas que carregam o peso da vivência e do aprendizado das gerações anteriores.
– O foguete não chega à lua sem ter passado pelo carro a vapor!
– Não se chega a diversidade sem ter passado pela discriminação!
O sonho da igualdade só cresce no terreno do respeito pelas diferenças.
Respeitar as diferenças começa por aceitar que as pessoas pensam diferente de você, não importa a idade que tenham.
A vida é uma dança das cadeiras em que uma hora estamos sentados e numa outra hora em pé. O velho já foi novo e novo será velho.
Quando pensamos nos nossos amigos, por exemplo, vemos que grande parte da vitalidade da amizade reside no respeito pelas diferenças.
É preciso que as diferenças não diminuam a amizade e que a amizade não diminua as diferenças.
O que faz o mundo crescer e evoluir é a interação das diferenças, seus pontos positivos e negativos, afinal a vida é feita de pluralidade e a unanimidade é burra.
Se tudo fosse igual e uniforme estaríamos muito mais perto da morte do que do nascer de uma vida.
O poeta Bráulio Bessa colocou tudo isso nestes versos:
Seja menos preconceito
Seja mais amor no peito….
Não precisa ser perfeito
Se não der para ser amor
Que seja pelo menos respeito!
José Luiz Ricchetti – 24/01/2021