Nossa cidade tem riquezas e belezas, temos belos casarões coloniais em variados estilos, mas principalmente das regiões em que a imigração era mais forte, Italianos, Espanhois e Portuguêses, templos monumentais em estilo gótico, prédios públicos replicados com importantes prédios do mundo.
Fazendas centenárias e suas edificações magníficas, algumas preservadas, outras nem tanto. Vasta área verde, rica em flora e fauna. Um distrito rico em religiosidade, local de fé e adoração, onde muitos buscam por reflexões e paz de espírito, outros por milagres e salvação.
Aliado a tudo isso, temos um passado rico em histórias, contos e glórias. O ouro negro (café) era significado de dinheiro e poder, mas para poucos. Por outro lado, mantinha centenas de famílias longe dos centros urbanos, longe da violência e da fome, porém longe da educação e da vida moderna.
Já tivemos uma grande indústria têxtil, deteriorada pelos anos com a tão comemorada indústria chinesa e seus produtos baratos, assim, com o tecido e a matéria prima textil abastecendo o mercado brasileiro, a famosa Fiação entrou em colapso.
Com a ascensão do ouro verde (cana-de-açúcar) o êxodo rural em pouco tempo povoou a cidade, trouxe vida nova e esperança, que duraria pouco tempo. Com o desemprego cada vez maior, comércio e pequenas indústrias não suportariam o excesso de mão-de-obra. A volta para o campo (canaviais) foi eminente, porém, o arrimo da família, agora estava sozinho no campo, levado pelos turmeiros, enquanto os seus, batalhavam no dia-a-dia para pagar tudo aquilo que as colônias das fazendas lhes ofereciam.
Poucos, mas da mesma família, mantinham casas de aluguel, bairros quase que inteiros eram exímias vilas monopolizadas.
Com a mecanização e novas tecnológicas, os canaviais ficaram solitários e o homem voltou para o trabalho no centro urbano, onde o mesmo comércio e as mesmas pequenas empresas, com algumas pequenas variações, não suportariam novamente o excesso de mão-de-obra.
Durante todo esse tempo, o desemprego continuou, perdemos outras importantes empregadoras, vimos outras demitirem em massa, várias portas comerciais se fecharam, mas continuamos firmes com nossa beleza, relativamente intacta, porém sem novas empresas e perspectivas.
Temos uma magnifica indústria sucroalcooleira que ainda mantém o título de maior empregadora do município, mesmo tendo em seu quadro funcional, uma quantidade menor de colaboradores, comparado a alguns anos atrás, isso dentro de um processo natural de automação e tecnologia.
Trouxemos mão-de-obra de outros estados, Bahia, Pernambuco, Recife e Minas Gerais, parecia existir vagas para todos, pois aliada aos canaviais e pomares de laranja, outras indústrias do ramo viriam. Um período ilusório de grande perspectiva, que não vingaria, pois novamente enfrentamos a automação industrial, a mecanização agrícola e a concorrência internacional.
Existia a necessidade de um novo parque industrial, grandes foram os desafios e dificuldades, porém ainda não trouxe resultados práticos, somente a esperança que nunca deve esmorecer.
Curiosamente vejo laranjais sendo arrancados para dar lugar ao eucalipto, matéria prima para a celulose. Produtores veem oportunidades na nova Indústria de Celulose que está sendo instalada em Lençóis Paulista. Nos encheremos de esperança em dias melhores novamente, pois a verdade é uma só, ainda não nos firmamos em uma atividade, mesmo depois de 149 anos.
SOBRE O AUTOR:
Pedro Luiz Biandan, casado com Márcia Cristina Montanholi Biandan, 53 anos, formado em Administração de Empresas com Ênfase em Comércio Exterior, foi professor do ensino médio, vice prefeito de São Manuel entre 2013 e 2016, cartorário por 28 anos.